quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Resenha: A Parte que Falta Encontra o Grande O

“Não era um pedaço de pizza. Nem um chapéu de palhaço. Desista se pensou numa casquinha de sorvete... Era a parte que falta – e que queria companhia. Ela desejava ver o mundo. Quem seria delicado, divertido e inteligente para levá-la? Entre algumas decepções, percebeu que também decepcionava. Até que o Grande O apareceu e, sem querer, ensinou-lhe que tudo pode rolar! (Fernanda Takai) ”. 

Sinopse: “Na continuação do clássico A parte que falta, Shel Silverstein reflete com sua poesia singela e emocionante sobre amor próprio e completude. Um livro infantil para todas as idades. A parte que falta está em busca de alguém para completar. Após ser abandonada pelo ser circular, ela aguarda um par perfeito em que possa se encaixar. Ela quer conhecer o mundo, e precisa de alguém que a faça rolar. Mas muitos seres não sabem nada sobre encaixe, outros já têm partes demais e alguns não sabem nada de nada. A Parte que falta até encontra um encaixe perfeito, mas sua jornada juntos dura muito pouco. Até que ela se depara com o Grande O, um ser completo, que rola sozinho, e que pode dar a ela um ensinamento que mudará seu modo de enxergar a vida. Nesta história, leitores de todas as idades vão refletir junto com a parte que falta sobre como podemos nos transformar e descobrir como evoluir nosso amor próprio. Afinal, será que não podemos todos rolar por nós mesmos em nossas jornadas? ”. 

Título: A Parte Que Falta Encontra o Grande O. 
Autor: Shel Silverstein. 
Páginas: 120 páginas. 
Editora: Companhia das Letrinhas. 
ISBN: 978-85-7406-826-8. 

“Ai de mim limitar este livro a uma interpretação, mas se você me permite um aviso amigo: talvez você saia daqui não só entendendo que jamais seremos totalmente preenchidos, mas que também jamais conseguiremos totalmente preencher. Nos resta rolar (Jout Jout) ”. 

Algumas Impressões 

É inegável que todo ser humano passa grande parte da vida em uma busca incessante por algo que o complete. Afinal, seja social ou internamente, temos dificuldades para compreender que ninguém vem ao mundo com partes faltando a ponto de ter de encontrar os pedaços. E é justamente sobre isso que se trata “A parte que falta encontra o Grande O”, de Shel Silverstein, uma continuação do sucesso “A parte que falta”, publicado originalmente em 1976, mas que ganhou uma nova versão no ano passado. E, se o primeiro título já havia ilustrado a jornada através de seus traços simples e pouco diálogo, o segundo não foge à regra, e nos apresenta uma nova etapa desta complicada missão. Desta vez, a parte deixada de lado na trama anterior continua em busca de algo que a complete, mas, mesmo se adaptando para parecer mais atraente e tentando chamar a atenção de diferentes formas, não consegue encontrar alguém que decida ficar. Enquanto uns não sabem lidar com sua beleza, outros se aproveitam de seu charme, e, em ambos os casos, o desfecho é o mesmo: no fim do dia, simplesmente vão embora. Até que ela encontra o Grande O, completo e sem nenhum espaço para uma outra parte, e tudo o que acreditava ser verdade sobre si mesma é modificado. 


Quando comecei esta narrativa já possuía a bagagem da trama anterior, mas, mesmo sabendo o que esperar, me surpreendi com a mensagem passada de forma primorosa através das entrelinhas de um enredo tão simples. Infanto-juvenil, a história usa de recursos lúdicos para entreter ao mesmo tempo em que fixa na mente dos mais novos (e dos mais velhos), uma mensagem poderosa sobre amor-próprio e aceitação. Partindo do pressuposto da primeira frase desta resenha, é possível dizer que estes livros narram a história de nossas vidas, ou pelo menos daqueles que com eles se identificam. Vai me dizer que a vida não é uma série interminável de encontros e desencontros que nos impactam de formas diversas? Ou mesmo que, em determinado ponto, não nos pegamos tentando ser algo que alguém quer que sejamos ao invés do que realmente queremos ser? A verdade é que, até que possamos compreender de fato o que este círculo quer nos dizer, continuaremos buscando aprovação por aquilo que aparentamos, assim como a parte que falta. Podemos viver sozinhos, pois somos completos. Eu diria até que não é possível estar junto de alguém se não entendemos o conceito de autossuficiência. O livro é curto e a leitura é extremamente rápida, mas o assunto é complexo. No mais, é uma experiência extremamente recomendada.


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