segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Resenha: Nós


“Tudo continuava o mesmo, no entanto, não era o mesmo e, pouco antes de dormir, senti a mesma ansiedade que ainda sinto na véspera de uma viagem longa e complicada”.

     Ele, um PhD em bioquímica, extremamente reservado e um tanto conservador. Ela, uma artista talentosa, excessivamente espontânea e sem medo nenhum de curtir a vida. Contrariando todos os prognósticos, Douglas Petersen – inclusive com seu senso de humor duvidoso – foi capaz de convencer a bela Connie Moore a sair com ele, e, mais tarde, a ser sua esposa. Quase vinte e cinco anos depois, eles vivem razoavelmente felizes ao lado do filho Albie, um adolescente mal-humorado de dezessete anos. Mesmo com as dificuldades em lidar com o filho, Douglas acreditava que tudo ia bem. Até que Connie o acorda no meio da noite e anuncia: quer o divórcio.

Título: Nós.
Autor: David Nicholls.
Páginas: 384 páginas.
Editora: Intrínseca.
ISBN: 978-85-8057-703-7.


“Os primeiros dias de qualquer relacionamento são pontuados por uma série de primeiras vezes: primeira vista, primeiras palavras, primeira risada, primeiro beijo, primeira nudez, etc. Estes marcos compartilhados vão se tornando cada vez mais espaçados e inócuos à medida que os dias se transformam em anos, até finalmente só lhes restar a primeira visita a alguma propriedade do Patrimônio Nacional ou algo assim”.

     Albie acabara de ser aprovado na faculdade de Fotografia, e a família havia planejado uma viagem de um mês pela Europa, o Grand Tour, para que ele pudesse se inspirar e exercitar seus talentos artísticos. Enquanto Connie está pensando que – devido às circunstâncias – cancelar tudo seria a melhor opção, Douglas está secretamente nutrindo a esperança de que as férias em família podem salvar seu casamento. Mas, por mais que ele se esforce, as coisas não parecem estar melhorando. Pelo contrário. Quando Albie decide fugir e viajar sem destino pela Europa, talvez – apenas talvez – Douglas terá que enfim se acostumar a viver sem Connie.


“Bem, agora posso dizer que a vida de casado não é de modo algum um planalto. Há ravinas, grandes picos irregulares e fendas ocultas, que fazem os dois tatearem em meio à escuridão. Depois, há trechos sem brilho, ressecados, que você acha que nunca vão acabar, e grande parte do percurso é repleto de silêncio, e, às vezes, não dá para ver mesmo a outra pessoa, outras vezes, ela se distancia muito de você, ficando praticamente fora de vista, e a viagem se torna difícil. Muito, muito, muito difícil”. 

Algumas Impressões

      Autor de “Um Dia”, David Nicholls nos conta uma história que trás à tona questões como família, meia idade e o que aprendemos sobre nós quando as coisas que acreditávamos ser perfeitas começam a dar sinais de que estão desmoronando sobre nossas cabeças. O livro é narrado do ponto de vista de Douglas, extremamente honesto e otimista, o que me causou certa pena a maior parte do tempo. A verdade é que, quando iniciei a leitura, imaginei que a história seria de uma forma, com um fim esperado para cada um dos personagens envolvidos na trama. Porém, à medida que avançava na leitura, novos fatos me foram apresentados, e terminei o livro invertendo os papéis que havia delegado para cada um deles. Não que haja um vilão. A história trás questões comuns na vida conjugal, como traição, sentimento (e ressentimento), desconfianças, devoção, expectativas, filhos e divórcio. É, acima de tudo, a história de um homem tentando estabelecer uma relação estável e sem conflitos com o filho, e também reestabelecer - a todo custo – seu casamento com a mulher que ama. 


Observação: Livro cedido pela editora.

Sobre a Intrínseca

Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.



4 comentários:

  1. Ainda não li nenhum livro do David Nicholls! Sempre vejo resenhas super bacanas, mas nunca fui atrás das obras. Esse foi o primeiro que realmente me intrigou. Acho que o que despertou a minha curiosidade foi este comentário final que você vez (o último parágrafo mesmo), porque deixou a história bem mais humana, parece um problema que todos nós podemos enfrentar... Com certeza, vou procurar este livro!

    E, preciso dizer, me identifiquei totalmente com o Fleur de Lune, ahahahahaha, eu já sabia que ia amar só pelo layout, mas até o ranking de notas dos livros é incrível <3 hahahahahahhaha!

    Beijo!

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    1. Eu não tinha lido nenhum ainda também! Eu tenho muita vontade de ler o "Um Dia", pois as resenhas que li sobre ele me deixaram curiosa, e tem o filme que ainda não vi. A história é bem humana mesmo, e o Douglas passa por coisas que todos podem enfrentar, ele tem inseguranças e principalmente medo de perder a família. Fico feliz que tenha gostado!

      Sobre o blog, muuuito obrigada! Eu fiquei hipnotizada ontem quando entrei no seu blog! É muito bom saber que curtiu o meu cantinho também <3 Obrigada! Um beijo : *

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  2. Ainda não li nada do David Nicholls. Quando fiquei sabendo que o filme Um Dia foi baseado em um livro dele, fiquei doida pra conferir. O filme é lindo e, como sempre gosto mais dos livros que dos filmes, tenho certeza que vou gostar do livro.
    O Nós já está na minha listinha de leituras futuras há um tempo e sua resenha me deu ainda mais vontade de ler. :)

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    1. Eu quero muito ver esse filme e ler o livro! Que bom que gostou da resenha <3 Quando ler me fala o que achou! Um beijo : *

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