Elas têm a Força: É a vez das mulheres no cinema

A atriz sul-africana Charlize Theron em Mad Max (2015), como Imperatriz Furiosa.

      Pense em alguns dos filmes de maior sucesso lançados no ano passado, como Star Wars: Episódio VII, Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 2 e Mad Max: Estrada da Fúria. Pensou? Além do sucesso de bilheteria, estes filmes têm em comum personagens femininas fortes, que têm quebrado muitos tabus. Faz tempo que as mulheres não são mais mocinhas indefesas – se é que um dia elas realmente foram -, e a ficção tem refletido cada vez mais este empoderamento nas telas. Mas, em 1985, a cartunista americana Alison Bechdel elaborou um teste que passou a ser o termômetro da desigualdade entre homens e mulheres nas tramas de Hollywood, e ainda hoje os resultados não são satisfatórios.

   Batizado de Teste de Bechdel, no último ano analisou 146 filmes, e 54 deles fracassaram ao responder a três perguntas: 1) A trama tem no mínimo duas personagens mulheres (e elas têm nome)? ; 2) Elas falam uma com a outra? ; e 3) Em ao menos um desses diálogos, elas não se referem a um homem? Por mais que esta luta esteja longe de acabar, enquanto em Hollywood muito se discute sobre a desigualdade de gênero, dos dez melhores filmes de 2015, pelo menos sete são protagonizados por personagens femininas. Atrizes já consagradas como Rooney Mara, Cate Blanchett (ambas do filme “Carol”), Jennifer Lawrence (“Jogos Vorazes”, “A Trapaça”) e Charlize Theron (“Mad Max”), e também novas promessas do cinema, como Daisy Ridley (“Star Wars”), brilharam em alguns dos longas mais bem recebidos pela crítica especializada.

Nova estrela da saga Star Wars, Daisy Ridley quebra tabus no papel de Rey.

     O novo filme da saga “Star Wars”, sob a direção de J. J. Abrams, pode ser considerado um símbolo desta mudança em curso nas produções cinematográficas. Enquanto dos seis últimos episódios apenas o I (1999) e o II (2002) passam no teste, “Star Wars - Episódio VII: O Despertar da Força” trás uma reviravolta nos padrões, uma vez que a protagonista de maior expressão é a adolescente Rey (Daisy Ridley), que está longe de ser o elo mais fraco. Seja por um movimento espontâneo ou mesmo uma exigência do público feminino, que representa uma parcela considerável dos consumidores de filmes e séries, a questão é que de uma hora para a outra a cultura pop sofreu a invasão das personagens fortes, mais independentes e livres de objetificação. 

      E os lançamentos de 2016 não vão ficar para trás no que diz respeito a esta mudança. Personagens como Arlequina de Esquadrão Suicida (04 de agosto), interpretada pela atriz Margot Robbie, e a Mulher Maravilha de Batman vs. Superman: A Origem da Justiça (24 de março), interpretada pela atriz e modelo israelense Gal Gadot, prometem roubar a cena nas telas, deixando muitos marmanjos no chinelo. Outros títulos com forte presença feminina este ano são a paródia “Orgulho, Preconceito e Zumbis” (25 de fevereiro), “A série Divergente – Convergente” (10 de março) e “As Caça Fantasmas” (14 de julho). De qualquer forma, o grande desafio desta nova onda de personagens é deixar de lado os fetiches dos homens e representar os anseios da mulher moderna.