sábado, 21 de janeiro de 2017

Resenha: A Química


"A missão desse dia se tornará rotineira para a mulher que, nessa época, apresentava - se como Chris Taylor. Ela havia acordado muito mais cedo do que gostaria e, em seguida, desfizera e guardara as proteções que usava à noite. Era realmente uma canseira preparar tudo antes de dormir apenas para desativar logo de manhã cedo, mas não valia a pena arriscar a vida só para se permitir um momento de preguiça". 

Sinopse: “Uma ex-agente especial fugindo de seus antigos empregadores precisa aceitar um novo caso para limpar seu nome e salvar a própria vida. Ela trabalhava para o governo americano, mas poucas pessoas sabiam disso. Especialista em seu campo de atuação, era um dos segredos mais bem guardados de uma agência tão clandestina que sequer tinha nome. E, quando percebem que ela pode ser um problema, passam a persegui-la. A única pessoa em quem ela confiava foi assassinada. Ela sabe demais, e eles a querem morta. A gora ela raramente fica em um mesmo lugar ou usa o mesmo nome por muito tempo. Até que um antigo mentor lhe oferece uma saída – uma oportunidade de deixar de ser o alvo da vez. Será preciso aceitar um último trabalho, e a única informação que ela recebe a respeito só torna a situação ainda mais perigosa. Ela decide enfrentar a ameaça e se prepara para a pior batalha de sua vida, mas uma paixão inesperada parece diminuir ainda mais as chances de sobreviver. Enquanto vê suas opções evaporarem rapidamente, ela vai usar os talentos que possui como nunca imaginou”.

Título: A Química.
Autora: Stephenie Meyer. 
Páginas: 496 páginas.
Editora: Intrínseca.
ISBN: 978-85-510-0090-8.


"Seria ótimo não ter que correr tantos riscos, mas o dinheiro não duraria para sempre. Em geral, ela encontrava algum trabalho subalterno em uma loja pequena, de preferência um estabelecimento cujos registros fossem manuais. No entanto, esse tipo de serviço só gerava renda suficiente para as despesas básicas: alimentação e moradia. Nunca para as coisas mais caras em sua vida, como identidades falsas, instrumentos de laboratório e os vários componentes químicos que acumulava. Assim, ela mantinha uma presença discreta na Internet,  encontrava seus raros clientes pagantes aqui e ali e fazia tudo o que podia para evitar que esse trabalho chamasse atenção daqueles que queriam que ela fosse eliminada". 

Algumas Impressões 

         É curiosa a relação que algumas pessoas possuem com determinados autores. Não apenas no meio literário, mas em todos, sempre vai haver alguém que goste e alguém que não se agrade, alguém que ame e outro que odeie. E essa é exatamente a situação que envolve a autora Stephenie Meyer, que ficou conhecida após lançar seu primeiro romance, em 2005, que originou uma série de quatro livros no total. O sucesso foi tanto que os direitos cinematográficos logo foram comprados, e os cinco filmes que se seguiram arrastaram legiões de fãs para os cinemas. Se você conhece o trabalho de Meyer, já deve saber de que série estou falando - mesmo que não goste dela. Depois da repercussão e notoriedade conquistadas através da Saga Crepúsculo (Crepúsculo, Lua Nova, Eclipse e Amanhecer), a autora lançou, em 2008, seu primeiro romance voltado ao público adulto, “A Hospedeira”, em uma trama intrincada de ficção científica e cenários distópicos. E, no fim do ano passado, seu segundo romance voltado para este público chegou às livrarias, e vem modificando as opiniões de muitos leitores que ainda não haviam dado uma chance para seu estilo narrativo. Deixando de lado convenções de gênero e caracterizando-se ora como romance, ora como suspense, “A Química” traz a história de uma ex-agente especial de um departamento do governo norte americano que, de tão secreto, não possui nem mesmo um nome. Nos últimos três anos, ela – que a cada pouco tempo assume uma nova identidade, por segurança – se esconde de seus antigos empregadores, que já tentaram matá-la mais de uma vez. Agora, quando um antigo contato surge com a oportunidade de um novo caso, ela precisa tomar uma difícil decisão. Aceitá-lo poderia mesmo limpar seu nome e enfim salvar sua vida?


"No contexto de sua vida atual, matar significava ganhar. Não a guerra, apenas uma pequena batalha por vez. Ainda assim, cada batalha representava uma vitória.  O coração de outra pessoa deixaria de bater e o dela continuaria pulsando. Alguém iria atrás dela e, em vez de uma vítima, encontraria um predador. Uma aranha - marrom, invisível por trás de sua teia traiçoeira". 

      Particularmente, gosto muito da autora. Reconheço que vários elementos apresentados em “Crepúsculo” são um tanto quanto equivocados e até mesmo melodramáticos demais, mas foi uma leitura que fez parte de outra época da minha vida, quando eu estava no começo da adolescência. Não a renego, mantenho todos os livros e filmes (até a coleção de pôsteres), e, inclusive, li a versão lançada em comemoração aos dez anos desde a publicação do primeiro livro, “Vida e Morte” (2015, Editora Intrínseca). Eu gosto dos romances de Stephenie Meyer, e acredito que ela ainda tem muito potencial a ser explorado em outros gêneros. Já achava isso quando li “A Hospedeira”, e mais ainda agora que concluí “A Química”. Com uma narrativa envolvente e original, ela conduz a curiosidade do leitor de modo a mantê-lo concentrado durante toda a trama, controlando a forma como a tensão e o fluxo de informações causam o impacto necessário para com que ele faça parte do enredo, de uma forma totalmente imersiva em suas quase quinhentas páginas. A relação com os personagens segue a mesma linha, uma vez que Meyer cria uma protagonista forte e misteriosa, que, na luta por manter-se respirando, é absolutamente brilhante, além de contestar firmemente a suposição do “sexo frágil”. Os demais personagens de que tanto gostei e com os quais criei fortes vínculos não podem ser revelados no intuito de não estragar a surpresa. O que mais me chamou a atenção nesta experiência de leitura é que, ao contrário dos outros livros da autora (e já li todos), este é mais do que nunca uma construção conjunta entre o leitor e a protagonista, à medida que um só descobre as informações através do outro e juntamente com ele. É fácil se imaginar parte do enredo, emocionar-se, apaixonar-se e sentir a pulsação acelerada por conta da adrenalina. Em dado momento, depois de várias cenas de ação e revelações eletrizantes, quando se supõe que todas as cartas estão na mesa, Meyer lança mão de um plot twist de tirar o fôlego, que muda totalmente os rumos da narrativa e renova o interesse do leitor. Recomendado para quem gosta de livros ao estilo suspense policial, tramas de conspiração e que envolvem espionagem, além de um bom romance. É uma história para diferentes gostos, afinal. Mas, se você até hoje manteve uma opinião negativa acerca do trabalho da autora, peço atenção especial, pois “A Química” tem a capacidade de lhe surpreender – e, creio eu, fazer com que mude de ideia.


Sobre a Intrínseca

Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.


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