“No dia em que Liz Emerson tenta morrer, a aula de física tinha sido uma revisão das Leis de Newton. Então, depois da aula, ela as colocou em prática ao sair da estrada com sua Mercedes”.
Sinopse: “Inércia, força, massa, gravidade, velocidade, aceleração... causa e efeito. Liz Emerson não entende nada disso. Mas eu entendo. Entendo como nós caímos. Onde caímos. Por que caímos. Entendo sua tristeza e solidão e silêncio, seu coração estilhaçado. Não tem que ser assim, tem? Não foi sempre assim, foi? Permaneça viva, Liz Emerson, permaneça viva. Ela seria um objeto em movimento que continuaria em movimento, mesmo que para isso precisasse passar por cima de tudo em seu caminho”.
Título: Quando tudo faz sentido (não existem acidentes).
Autora: Amy Zhang.
Páginas: 320 páginas.
Editora: Rocco Jovens Leitores.
ISBN: 978-85-7980-342-0.
“Continua sem entender as três Leis de Newton. Inércia, força, massa, gravidade e reações iguais e opostas ainda não se encaixam direito na sua cabeça, mas ela está pronta para deixar isso para lá. Está pronta para o fim de tudo. É nesse momento, quando ela se liberta da necessidade de entender, que tudo passa a fazer sentido”.
Algumas Impressões
Não faz muito tempo que fiz um vídeo para o canal falando sobre livros pelos quais eu não dava muita coisa e que acabaram me surpreendendo, você viu? (Clique para assistir). Pois, ao concluir a leitura de “Quando tudo faz sentido”, primeiro romance da autora Amy Zhang, a primeira coisa que pensei foi que ele merecia, e muito, fazer parte daquela lista. O enredo conta a história de Liz Emerson, uma típica garota popular do ensino médio de uma cidade do interior dos Estados Unidos que tenta tirar a própria vida forjando um acidente de carro. A narrativa intercala momentos do passado e do presente, e, aos poucos, vai revelando detalhes ao cruzar as histórias de cinco personagens principais, contando com Liz. A primeira coisa que me chamou a atenção nesta trama foram as temáticas abordadas. Assuntos de importante discussão para adolescentes e jovens adultos, como depressão, bullying, gravidez na adolescência, estupro, vício em drogas e álcool, entre outros, dividem espaço com indagações sobre a aplicação da física na vida real, mais especificamente as três Leis de Newton. Bem construído, o enredo conta com uma narradora inusitada, e, apesar de já ter imaginado quem afinal poderia estar narrando, não deixei de me surpreender quando isto finalmente foi revelado, pouco antes do desfecho da trama. Por ser quem é, a narradora apresenta uma visão única e muito ampla da história, possibilitando ao leitor estar em vários lugares e tomar conhecimentos de diferentes e variadas situações que, juntas, compõe esta trama única e muito original.
“Quando olho em volta, vejo seu coração bater em três monitores diferentes. Vejo o vapor da sua respiração na máscara. Mas Liz Emerson não está viva. Então me inclino para frente. Coloco a boca ao lado do seu ouvido e sussurro sem parar, pedindo que ela fique, fique viva. Sussurro como se ela fosse me dar ouvidos da mesma forma que antes. Como se fosse me ouvir”.
Liz é uma personagem complexa e, em vários aspectos, muito real. Digo isto pois é fácil reconhecer suas indagações, dilemas e conflitos ao longo dos capítulos como sendo os mesmos de milhares de adolescentes em todo o mundo, e que, assim como ela, não veem outra saída para se libertarem do sofrimento do que a própria morte. Em tempos de séries como “Os 13 porquês”, que aborda as mesmas temáticas relevantes, “Quando tudo faz sentido” vem para, mais uma vez, tentar abrir nossos olhos para estes jovens que não se sentem bem no sentido da saúde mental e emocional, e que, muitas vezes, não sabem como pedir ajuda – ou que, frequentemente, são ignorados. Outra coisa que me chamou a atenção neste livro é a forma como uma vida impacta em diversas outras, ou seja, o modo como nossas ações vão muito além de nós mesmos, e a capacidade intrínseca que guardam de construir ou destruir – o que foi abordado de forma brilhante em todos os capítulos, principalmente nos iniciais. O desfecho me surpreendeu, pois, ao longo da trama, criei teorias sobre os cenários possíveis (quem nunca, não é mesmo). Mas Amy Zhang tinha algo muito próprio e emocionante planejado. Com um epílogo curto, porém revelador, a autora costura toda a narrativa, e consegue abrir uma porta que outros não abriram. Não posso revelar em mais detalhes sobre de que forma ela faz isso, pois estragaria a experiência de leitura daqueles que confiarem nesta minha humilde opinião e embarcarem nesta história. Contudo, se há algo mais que posso dizer sobre este livro de pouco mais de trezentas páginas, é a velha máxima do “a vida é feita de escolhas”, aliada à filosofia pessoal de que, independentemente de quem tome as decisões, seja você ou mesmo alguém as tome por você, as consequências destas ações sempre serão suas. A vida é apenas uma, mas impacta várias, e cabe a nós fazer o nosso melhor. Construir ao invés de destruir. Ajudar ao invés de ignorar. É uma leitura reflexiva, e mais do que recomendada.
Sobre a Editora Rocco
Há mais de três décadas demonstrando sensibilidade para detectar as tendências do mercado, ousadia na difusão de novas ideias e agilidade de produção, a Rocco se orgulha por ser uma editora sólida e independente, capaz de se reinventar a cada dia para atender aos anseios do público brasileiro. Seus selos são: Rocco, Rocco Jovens Leitores, Rocco Digital, Bicicleta Amarela, Fábrica 231, Fantástica Rocco, Anfiteatro e Rocco Pequenos Leitores.
Eu vou te falar que amei a capa, ela é simples, mas parece ser um complexo conjugado de todos os pontos da história rs ♥ Também gostei de conhecer um pouquinho mais sobre a escrita da autora, as pessoas acabam tendo um pouco de preconceito quando são autores novos, mas, às vezes, eles nos surpreendem, né?
ResponderExcluirMenina, essa é a descrição da capa certinha! E ainda tem um acabamento com brilho todo especial. Amei <3 E sim, sobre os autores novos, eu adoro quando um livro me surpreende dessa forma sendo de uma autora ou autor que nunca ouvi falar hahaha Um beijo <3
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