segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Resenha: Antes que eu vá

“Talvez você possa se dar ao luxo de esperar. Talvez para você haja um amanhã. Um, dois, três ou dez milhões de amanhãs.... Tanto tempo, que você possa nadar nele, deixar rolar e enrolar-se nele, deixa-lo cair como moedas por entre os dedos. Tanto tempo, que você possa desperdiçá-lo. Mas, para alguns de nós, há apenas o hoje. E a verdade é que nunca se sabe quando chegará a sua vez”. 

Sinopse: “Samantha Kingston tem tudo: o namorado mais cobiçado do universo, três amigas fantásticas e todos os privilégios no colégio que frequenta – da melhor mesa do refeitório à vaga de estacionamento mais bem-posicionada. Aquela sexta-feira, 12 de fevereiro, deveria ser apenas mais um dia de sua vida mágica e perfeita. Em vez disso, acaba sendo o último. Mas ela ganha uma segunda chance. Sete “segundas chances”, na verdade. E, ao reviver aquele dia vezes seguidas, Samantha desvenda o mistério que envolve sua morte – descobrindo, enfim, o verdadeiro valor de tudo o que está prestes a perder”. 

Título: Antes que eu vá. 
Autor: Lauren Oliver. 
Páginas: 382 páginas.
Editora: Intrínseca. 
ISBN: 978-85-510-0164-6.

“Dizem que logo antes de morrer sua vida inteira passa diante de seus olhos, mas não foi assim comigo. Para falar a verdade, sempre achei terrível essa história de rever tudo no momento final. Algumas coisas ficam melhores mortas e enterradas, como diria minha mãe”. 

Algumas Impressões 

A adolescência é um período difícil, não é mesmo? Muitas vezes nos lembramos dela como um dos períodos mais complicados das nossas vidas, com a divisão dos “populares” e “fracassados” mais nítida do que nunca. Por mais que a realidade das escolas em diferentes países guarde particularidades, as questões que salientam diversas discussões sociais são sempre as mesmas: o preconceito, a não aceitação do outro, o bullying. Está aí uma palavra muito utilizada e debatida nos últimos anos, um termo que caracteriza atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou mesmo um grupo, que acabam causando dor e angústia. Além disso, estas ações são executadas frequentemente dentro de uma relação desigual de poder (aí a distinção dos populares e dos “perdedores”). As pessoas podem ser cruéis, e, na maioria das vezes, no ápice da puberdade e das mudanças antes da vida adulta, não medem as consequências de seus atos, sejam eles individuais ou sequenciados. Estas atitudes acabam compondo um ciclo perigoso e que aumenta exponencialmente os índices de suicídio entre jovens. Uma pesquisa realizada em abril deste ano revelou que, desde 2002, a taxa de suicídios entre jovens de 15 a 29 anos subiu cerca de 10%. Toda esta discussão esteve muito presente em meus pensamentos durante a leitura de “Antes que eu vá”, da autora Lauren Oliver, que recebi em parceria com a Editora Intrínseca. Na trama, conhecemos Samantha Kingston, uma jovem que vivia uma vida aparentemente perfeita para uma adolescente: o namorado mais cobiçado, as melhores amigas, o melhor lugar no refeitório, acesso a todas as festas e a tão sonhada popularidade (aquela mistura de medo e fascínio). Contudo, de uma hora para a outra, sem aviso prévio ou alguma chance, sua vida muda drasticamente. Agora, Sam tem sete chances de reviver o mesmo dia, tanto para entender o mistério que permeia sua morte, quanto para descobrir o real valor de tudo o que está prestes a perder.

“Em meu sonho sei que estou caindo, apesar de não haver direção, paredes, laterais ou teto, apenas a sensação de frio e escuridão por todo lado. Estou com tanto medo que poderia gritar, mas quando abro a boca nada acontece, e fico imaginando se cair eternamente, sem nunca chegar a lugar nenhum, poderia ser outra coisa além de realmente estar caindo.... Acho que vou cair para sempre”. 

A premissa pode fazer com que você pense que desvendará o livro ainda nas primeiras páginas, mas devo dizer que, apesar de conter sim uma série de clichês presente nos títulos do gênero, esta trama tem o poder de surpreender e emocionar seus leitores. Realista, narra as descobertas de Sam após o fatídico 12 de fevereiro, passeando pelas sete vezes em que reviveu este dia e evidenciando, uma de cada vez, as peças que compõe o quebra cabeça que é esta história. Achei particularmente interessante a construção dos personagens, complexos como apenas adolescentes podem ser, e misteriosos à sua maneira, cada um com um segredo ou dois que acaba por moldar sua personalidade e comportamento, numa tentativa de justificar suas ações. A jornada de Samantha é de uma profundidade impressionante, e o leitor vai se identificando com a personagem à medida que revive seus dramas, compartilha seus pensamentos e percebe o quanto ela está mudando ao longo dos capítulos. E, quando o plot twist é revelado e a história chega ao fim, a sensação é a de que a narrativa vai te acompanhar por um longo tempo, seja por sua discussão tão atual, ou mesmo pela forma como temas como bullying, distúrbios psicológicos e alimentares, inseguranças, medos e suicídio são tratados na trama. Li recentemente outro livro que trazia estes assuntos à tona, “Quando tudo faz sentido” (clique para ler a resenha), e acompanhei toda a comoção em torno da série “Os 13 porquês” (clique para ler a resenha), e acredito que esta discussão não pode ser deixada de lado. Por mais que você acredite que “não é nada demais”, não feche os olhos para quem precisa de ajuda, pois é preciso querer ver. No mais, é uma leitura mais do que recomendada.

Sobre a Intrínseca
Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.



2 comentários:

  1. Esse livro parece muito bom,ta na minha lista já,fiquei sabendo que vai ter filme,me deixou com mais curiosidade,rsrs ^-^
    Bjss!!!

    https://pamelalindsey.blogspot.com.br/

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    1. Eu não esperava tanto da história e acabei me surpreendendo. A verdade é que fugi um pouco dele por causa da capa, mas no fim amei! Haha Um beijo!

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