sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Resenha: As Provações de Apolo: O Labirinto de Fogo

“Não. Eu me recuso a divulgar essa parte da história. Foi a semana mais infeliz, humilhante e horrível dos meus mais de quatro mil anos de vida. Tragédia. Desastre. Sofrimento. Não vou tocar nesse assunto. Por que vocês ainda estão aqui? Vão embora! Ai, acho que não tenho escolha, afinal. Zeus com certeza espera que eu conte a história; deve considerar isso parte da minha punição”. 

Sinopse: “Pois é, queridos leitores. Aqui estou novamente, para contar a vocês minha humilhante e indigna história. Vou logo avisando: nestas páginas vocês só encontrarão desastres, fracassos e vexames. Eu até poderia resumir tudo que já aconteceu comigo, mas para quê? Preciso mesmo reviver tantos momentos horríveis? Se vocês chegaram agora, só precisam saber de uma coisa: eu era um deus (maravilhoso, diga-se de passagem), mas acontece que não sou mais. Agora sou um mortal (eca!), sem poderes, sem beleza, sem súditos, e ainda por cima preciso passar por algumas provações para voltar ao Olimpo, de onde nunca deveria ter saído. Nesta nova missão, eu e minha amiga Meg McCaffrey teremos que percorrer o Labirinto de Dédalo para encontrar e liberar o terceiro oráculo sob o domínio do triunvirato do mal, que quer o meu fim”. 

Título: As Provações de Apolo: O Labirinto de Fogo (Livro três). 
Autor: Rick Riordan. 
Páginas: 368 páginas. 
Editora: Intrínseca. 
ISBN: 978-85-510-0331-2. 

“Os deuses não costumam sentir a dor da perda de um grifo, de algumas dríades ou mesmo de um ecossistema inteiro. Ah, eu não tenho nada a ver com isso, pensaríamos. Mas, quanto mais tempo eu passava naquele corpo mortal, mais me abalava com até mesmo a menor das perdas. Eu odiava aquela vida de mortal”. 

Algumas Impressões 

E cá estou eu resenhando mais uma obra do autor Rick Riordan, conhecido principalmente pelas séries “Percy Jackson e os Olimpianos” e “Os Heróis do Olimpo”. Figurinha mais do que carimbada por aqui, pode-se dizer que o Tio Rick é um dos meus autores favoritos. Gosto particularmente da forma como suas narrativas incorporam elementos de diversas mitologias para transmitir o conhecimento de uma forma muito didática e divertida, afinal, são parte da literatura infanto-juvenil. Neste terceiro volume da série As Provações de Apolo, “O Labirinto de Fogo”, continuamos acompanhando as aventuras (ou seriam desventuras) do antigo deus do sol, expulso do Olimpo por Zeus e destinado a cumprir uma perigosa missão para se redimir de suas infrações. Na pele do adolescente Lester Papadopoulos, ele tem a companhia da mal-humorada semideusa filha de Deméter, Meg MacCaffrey, e do sátiro Grover Underwood para enfrentar o Labirinto de Dédalo em busca de mais um oráculo sob o controle do Triunvirato. Ao mesmo tempo, o Acampamento Júpiter (dos semideuses romanos) está sob forte ameaça, e, em uma corrida contra o tempo, Apolo precisa levar à cabo sua profecia antes que seja tarde demais.


“Olhei para as águas escuras da piscina. Quase desejei que Meg mandasse que eu pulasse e me afogasse. Ou que me obrigasse a usar uma camisa combinando com a calça rosa. Qualquer uma dessas punições seria mais fácil do que responder àquela pergunta. – O imperador é mais conhecido por seu apelido de infância – expliquei. – Que ele despreza, aliás. Mas a história se lembra dele como Calígula”. 

Uma das coisas que mais me chama a atenção nesta série é a forma como o autor utiliza dos acontecimentos das histórias anteriores para criar conexões e gerar identificação no leitor. Apesar do protagonismo de Apolo/Lester, tanto os novos quanto os antigos personagens, já velhos conhecidos e amados pelo público (Alô Leo!), são bem construídos e contribuem de forma importante para a trama, seja com uma breve participação ou mesmo estando presentes durante toda a jornada. Por mais que inúmeras perguntas sejam criadas e necessitem ser respondidas, no fim do dia tudo se encaixa - ou deixa a promessa de que irá fazer sentido. Outro ponto importante é, de certa forma, a “humanização” do deus, que, ao se ver posto constantemente à prova em seu corpo mortal, e ao enfrentar seus inimigos ao lado dos demais semideuses, passa a refletir sobre a complexidade da vida humana, principalmente no que diz respeito à amizade, à perda e ao amor. Em outras palavras, ele passa a enxergar como as ações de um podem impactar inúmeros outros, ainda mais quando este primeiro é um deus superpoderoso (missões impossíveis dadas pelos deuses aos semideuses e que definitivamente vão leva-los à morte, estou olhando para vocês). O crescimento do personagem ao longo dos três volumes já publicados é notável, e, com uma ajudinha de seu bom-humor, é quase impossível não gostar dele. Com várias surpresas e reviravoltas, o enredo cativa e envolve até o último minuto, e, apesar de ainda não ser o desfecho (serão cinco livros, segundo o autor), apresenta a conclusão de mais uma etapa desta difícil missão. Leitura mais do que recomendada.
 

Sobre a Intrínseca
Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.



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