Resenha: Não se Iluda, Não

“Posso dizer que estou mais decidida e que meus sonhos não mais se resumem a encontrar o amor verdadeiro. Mas, se me permitem dizer tal besteira, quero ser para sempre insegura e sonhadora. Porque segurança me remete a coisas certas, escritas, gravadas em hieróglifos nas paredes. E eu não gosto de nada tão estático. Viver na corda bamba vale a pena quando você olha pra si mesmo e sabe que pode se segurar. Quanto aos sonhos, sei que posso me decepcionar se não se realizarem, porém, se eu não acreditar, quem fará isso por mim?”. 

        Depois de todas as situações pelas quais passou em Não se Apega, Não, Isabela finalmente reencontrou seu amor próprio e a autoconfiança, e já está há um ano sem namorado após o fatídico término com Gustavo. Agora, ela está determinada a realizar o sonho de se tornar escritora, e, para isso, começa trabalhando como quebra galhos em uma pequena editora da cidade de Juiz de Fora. Paralelamente, cria um blog, uma espécie de diário virtual, onde assina como Garota em Preto e Branco. Nele ela desabafa, fala dos amigos e dos não tão amigos assim e confessa suas aventuras e desventuras amorosas.

Título: Não se Iluda, Não.

Autor: Isabela Freitas.

Páginas: 272 páginas.

Editora: Intrínseca.

ISBN: 978-85-8057-768-6.

“Quando conheço uma pessoa, logo me fascino pelo que ela já viveu, por quais terras viajou, por suas paixões de colegial e pelo que pedia de Natal para seus pais. Sou curiosa, confesso, mas minha curiosidade vem aliada ao interesse. Se não me interesso pela pessoa, não fico nem aí para descobrir sua cor favorita ou seu time de futebol. Então não veja meu interesse como bisbilhotice. É que gosto de transformar interrogações em certezas e, principalmente, em admiração”.

        Durante uma viagem de férias para a Costa do Sauípe, Bahia, na companhia de seus melhores amigos Pedro e Amanda – e também de sua insuportável prima Nataly, que parece fazer de tudo para irritá-la – Isabela conhece Gabriel, um estudante de Jornalismo praticamente perfeito, não fosse por um pequeno detalhe. É claro que ela acaba se metendo em confusão. Em meio a shows e passeios na praia, Isabela se vê divida entre o encanto pelo príncipe que acaba de conhecer e a atração repentina que sente por ninguém menos que seu melhor amigo. Com a cabeça nas nuvens e os pés firmemente no chão, desta vez ela terá que decidir o que afinal seu coração realmente deseja, e seguir em frente, mesmo quando o caminho é acidentado e cada curva parece esconder uma nova surpresa.

“A verdade é que nos iludimos todos os dias, a todo momento. A ilusão começa quando você acorda cantarolando sua música preferida e subitamente se sente invadido por uma confiança inabalável. Você se sente capaz de resolver todos os problemas e de salvar o mundo com uma capa vermelha, se for preciso. Mas é só colocar os pés fora de casa para a realidade cair em cima com tudo”.

Algumas Impressões 

       Assim como o primeiro livro da autora (Não se Apega, Não), este me conquistou logo de cara. Claro que muito se deve ao fato de eu já ter lido o primeiro, e a vontade de saber o que acontecia com a personagem ser enorme, mas a verdade é que eu não sabia se seria mesmo uma continuação dos fatos narrados ou uma história diferente. E olha, a aposta de continuar contando sobre as aventuras e desventuras amorosas de Isabela deu mais do que certo. Ela está mais madura, com sonhos se transformando em planos e ações para o futuro. Ainda é confusa (mas quem não é?), mas se mostra mais segura em suas decisões. As partes em que narra o que envolveu a criação do blog meio que me inspiraram de alguma forma. Afinal, foi através dele que ela tornou-se escritora (o que não deixa de ser um sonho que guardo aqui no fundo do meu coração - Alô Intrínseca!). Outra coisa são os relacionamentos, a forma como os personagens já conhecidos e os novos se tornam parte natural do enredo e fazem com que a história seja interessante, instigante e – porque não – emocionante, preservando a característica simples do primeiro livro. Afinal, pode acontecer com qualquer um. E, para mim, esta é uma das melhores características nos livros de Isabela Freitas. A naturalidade, as histórias reais que podem acontecer a qualquer momento com as pessoas reais.

Sobre a Intrínseca

Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.