quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Resenha: O Presente do Meu Grande Amor


“Existem dois tipos de criança. As que acreditam e as que não acreditam. A cada ano, parece haver no mundo menos crianças que acreditam. Papai diz que na é fácil pedir a uma criança que acredite em algo que ela não pode ver, que isso em si é uma mágica. Diz que, se você tem essa mágica dentro de si, deve protegê-la por toda a vida e nunca deixar que se perca, porque, uma vez perdida, é para sempre”. (Encontre-me na Estrela do Norte – Jenny Han). 

        Não importa se você comemora o Natal, o ano-novo, o Chanucá ou o solstício de inverno. Nesta época do ano onde tudo parece ser possível, casais se formam, famílias se reencontram, promessas são feitas, seres mágicos surgem e desejos que pareciam impossíveis se realizam. Se você gosta do clima de fim de ano e tudo que ele envolve, como presentes, árvores enfeitadas, luzes pisca-pisca, beijos à meia-noite (totalmente opcional, infelizmente) e, acima de tudo, esperança, tem um conto esperando por você neste livro. Um não, doze! Doze histórias emocionantes para a melhor época do ano (pessoas queridas reunidas, gordices na mesa e férias. Quer coisa melhor?), escritas por alguns dos mais populares autores da atualidade. Em O Presente do Meu Grande Amor, o pessimismo perde espaço para a originalidade e a irreverência. Ha, claro. E para o amor.

Título: O Presente do Meu Grande Amor – Doze histórias de Natal.
Autores: Holly Black, Ally Carter, Matt de La Peña, Gayle Forman, Jenny Han, David Levithan, Kelly Link, Myra McEntire, Stephanie Perkins, Rainbow Rowell, Laini Taylor, Kiersten White. (Organização de Stephanie Perkins). 
Páginas: 351 páginas.
Editora: Intrínseca.
ISBN: 978-85-8057-625-2.


“Se você fizer uma busca por “cidades dos Estados Unidos chamadas Christmas” (que falta do que fazer, cara), vai encontrar cinco resultados principais. Em Arizona, Flórida, Kentucky, Michigan e Mississippi, houve alguém que decidiu: “Ei, vamos chamar a nossa cidade de Christmas, porque daí vai ser Natal o ano inteiro!”. Se algum dia você se deparar com o túmulo de um desses caras, é obrigado a cuspir nele, porque sinceramente”. (Bem-Vindo a Christmas, Califórnia – Kiersten White).

Algumas Impressões 

        Pelo segundo ano consecutivo ganho um livro com temática natalina na época do natal. No ano passado li Deixe a Neve Cair, dos autores John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle. O que achei mais interessante é que os três contos traziam personagens e histórias diferentes, mas que de alguma forma se encontravam no fim. Já O Presente do Meu Grande Amor trás um novo conceito: doze contos, que não tem nada em comum uns com os outros, exceto o fato de que são ótimas histórias – e de romance. Os mais diferentes tipos de casais são formados, até mesmo entre seres humanos e criaturas fantásticas e mitológicas! Os doze autores, alguns já consagrados, como David Levithan (Will & Will, Garoto encontra Garoto), Gayle Forman (Se eu Ficar, Para Onde Ela Foi), Rainbow Rowell (Ligações, Fangirl) e Stephanie Perkins (Isla e o Final Feliz), encantam com seus contos irreverentes e totalmente originais. Claro que alguns são cheios de clichês românticos, mas tudo se encaixa perfeitamente, sem excessos ou absurdos. 


"Meu pai gostava de levar para casa coisas que considerava ainda utilizáveis. Livros um pouco embolorados da faculdade local, equipamento esportivo danificado e móveis usados que ele via encostados em latas de lixo. Ele foi responsável pelo livro que me confundiu em relação a fadas e também me fez deixar leite talhando ao sol em frente ao trailer da vovó na esperança de atrair um duende para arrumar meu quarto". (Krampuslauf - Holly Black).         

       Apesar dos doze serem muito bons, meus favoritos foram “A Dama e a Raposa” (Kelly Link), “É um milagre de Yule, Charlie Brown” (Stephanie Perkins), “Krampuslauf” (Holly Black), “O que diabo você fez, Sophie Roth?” (Gayle Forman), “Estrela de Belém” (Ally Carter) e “A garota que despertou o Sonhador” (Laini Taylor). O primeiro conta a história de Miranda, e de como ela descobriu o amor de uma forma totalmente inesperada, convivendo com uma família louca e absurdamente teatral, os Honeywell (mas sempre na época de natal). Já o conto da organizadora do livro, Stephanie Perkins, trás uma história irreverente envolvendo comida vegetariana, dramas familiares, sidra quente de maça e árvores de natal. Ha, principalmente árvores de natal. Neste me encantei particularmente pela personagem principal, Marigold, pois me identifiquei com ela – pelo menos em parte. Mas foi a história da autora Holly Black que mais prendeu a minha atenção. Em “Krampuslauf”, ela narra uma festa de ano-novo, onde a história do Krampus (filho de Hel, da mitologia nórdica. Famigerado companheiro demoníaco do Papai Noel), muda completamente o rumo dos acontecimentos, que, por sua vez, tiveram início em uma comemoração de “infeliz natal”. O mais impressionante foi que, em meio a esse cenário, há um romance. E é absolutamente fantástico. 



“Então qual é o lance? – Eu sou fachada para a verdadeira namorada de Shelby. – Quase caí da cadeira. – A verdadeira namorada dele? – É uma cristã feminista liberal muito legal chamada Ellie, de Nova Jersey. Os dois se conheceram no acampamento bíblico há dois anos. – Existe isso de cristã feminista? – Gracie revirou os olhos. – Existem cristãs de todos os tipos”. (Baldes de cerveja e menino Jesus – Myra McEntire).

      Já “O que diabo você fez, Sophie Roth?”, o conto da autora - e jornalista premiada -, Gayle Forman, fala sobre uma garota nova-iorquina que se muda para a fabulosa cidade de Fim do Mundo a fim de estudar na universidade local. Cercada de pessoas que não a compreendem (ou assim ela pensava), Sophie tem que aprender a lidar com seus sentimentos quando finalmente encontra alguém que a entende – até mais do que ela mesma. “Estrela de Belém” apresentou uma situação inusitada, mas extremamente possível: duas garotas quem não se conhecem trocam suas passagens em um aeroporto. Ao chegar ao destino da outra – uma comunidade chamada Bethlehem, no interior do interior de Oklahoma -, Liddy tem que fingir que é uma estudante de intercâmbio islandesa, pois guarda um grande segredo. E, fechando a lista dos meus contos favoritos – e também o livro, pois é literalmente o último conto – temos “A garota que despertou o Sonhador”. Ha, como eu queria encontrar a autora Laini Taylor e abraçá-la por compartilhar com o mundo esta história. Ela é autora da série Feita de Fumaça e Osso (publicada pela Instrínseca e sobre a qual já li ótimas resenhas), mas ainda não conhecia seu trabalho. Neste conto, a Ilha das Penas é o cenário, um lugar que se mantém com o trabalho praticamente escravo de meninos e meninas levados para lá após uma peste dizimar sua terra natal - mas que guarda grandes mistérios. Neve, uma garota forte e sonhadora, mas que sabe manter os pés no chão, tem que lidar com uma tradição anual, onde, nos 24 dias que antecedem o natal, os rapazes presenteiam suas amadas, cada dia com algo diferente. Com esta descrição pode parecer simples, e até um pouco sem graça, mas o desenrolar dos fatos, e principalmente o desfecho do conto, é emocionante e, sobretudo, surpreendente. Uma leitura leve, envolvente e extremamente recomendada. 


6 comentários:

  1. Os meus favoritos foram Meias-noites, da Rainbow Rowell (minha autora preferida) a simplicidade dele me conquistou, e A garota que despertou o sonhado da Laini Taylor.
    Fiquei tão feliz quando encontrei esse livro, desde do ano passado eu queria lê-lo.
    Amei a resenha, e as fotos ficaram lindas.
    Beijo

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    1. Eu também gostei de Meias-noites, mas não tanto quando dos outros que citei. Não sei, eu sou mais voltada a coisas fantásticas e ele é o mais "humano", e simples mesmo, como você falou. Mas é ótimo! Também fiquei muito feliz quando ganhei, pois queria ele desde o ano passado também! E é um amor <3 Obrigada <3 <3 Um beijo : *

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  2. Encontrei esse livro esses dias e fiquei pensando se ele realmente era bom, me chamou atenção em um primeiro momento, mas depois ficou meio invisível. Vou tentar dar uma chance, afinal, as vezes a gente se surpreende né? ♥

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    1. Eu encontrei ele ano passado, mas não pude comprar. Desde então fiquei com muita vontade de ler! Dá uma chance pra ele sim, os contos são ótimos! Um beijo e Feliz ano novo <3

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  3. Eu estava louca por este livro e tinha comprado o ebook em inglês. Mas, na minha preguiça eterna de ler ebook (nem me pergunte porquê, hahaahaha), deixei pra lá. Aí acabei comprando a versão física dele pra ler em dezembro, porque sou a louca da leitura temática, hahahahaha!

    Por enquanto só li o Meias-Noites, da Rainbow, e ai ♡ ♡ ♡ ♡ ♡ ♡. Sou suspeita, porque eu amo essa mulher, haha, mas pelo o que você diz, acho que todos devem ser bem fofos!

    Vou aproveitar o final de semana e colocar a leitura em dia \o/

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    1. Eu fiquei doida nele em 2014, quando vi em uma livraria, mas não comprei por algum motivo. Quando ganhei ele no último natal foi uma surpresa e tanto, porque eu estava querendo ler KKKKKK e sim, eu te entendo, também sou a louca da leitura temática! Um beijo :*

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