segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sessão Pipoca: Moana


Sinopse: “Moana Waialiki é uma corajosa jovem, filha do chefe de uma tribo na Oceania, vinda de uma longa linhagem de navegadores. Querendo descobrir mais sobre seu passado e ajudar a família e o povo de sua ilha, ela resolve partir em busca de seus ancestrais, habitantes de uma ilha mítica que ninguém sabe onde é. Acompanhada pelo lendário semideus Mauí, Moana começa sua jornada em mar aberto, onde enfrenta terríveis criaturas marinhas e descobre histórias do submundo”. 

Título: Moana: Um mar de aventuras.
Duração: 1 hora e 47 minutos.
Direção: John Musker, Ron Clements.
Gênero: Animação
Lançamento: 05 de janeiro de 2017.

 

Algumas Impressões

         Desde pequena, tenho um carinho especial por animações, independentemente da produtora. E, mesmo com suas mensagens que, depois de crescida, passei a questionar, as princesas Disney fizeram parte de muitas das minhas brincadeiras de infância, onde eu frequentemente me imaginava como uma delas. Entretanto, fico feliz em ver que, a cada novo título, a produtora tem buscado mudar seus padrões, e que as meninas das novas gerações têm personagens fortes, independentes e empoderadas nas quais se inspirarem, como Mulan, do filme de mesmo nome, e Elsa, de Frozen. E agora, Moana chega às telas para mostrar que o momento atual da Walt Disney Pictures não poderia ser mais interessante. Especializada em filmes voltados “para a família” e mantendo aspectos mais “tradicionais” em suas produções ao longo dos muitos anos de trabalho, ultimamente a empresa tem ousado mais em alguns de seus lançamentos principais (a exemplo do já citado Frozen), combatendo preconceitos e dando destaque às minorias. Só para citar alguns exemplos, em Frozen temos uma protagonista forte, um personagem abertamente gay e a valorização do amor fraternal como foco central em detrimento do amoroso. Já em Star Wars: O Despertar da Força, a presença de uma protagonista empoderada e com poder de decisão – bem longe de ser alguém que precisa ser salva – também demonstra as mudanças que a produtora tem implantado. E com o longa de animação que chegou aos cinemas no dia cinco deste mês, a Disney dá mais um passo nesta caminhada pela mudança de padrões. Na trama, Moana é a filha do chefe de uma ilha na Oceania, que vive das coisas que a natureza pode oferecer, em perfeita harmonia com o meio. Seu destino é um dia assumir o posto de seu pai, mas, desde pequena, o mar exerce uma atração inexplicável sobre ela, como se a chamasse a explorar os limites do que a vista alcança. Mesmo descendendo de uma tribo de exploradores, nenhum habitante da ilha enfrenta mais as águas há anos, a não ser para pescar nos limites estabelecidos. Mas quando a grande escuridão se aproxima, Moana vê que seu destino e o de seu povo estão intrinsecamente ligados à sua paixão com o mar.


          Uma das principais características que confere a Moana um lugar único no hall de produções da Disney é o fato de que ela é a primeira personagem feminina central sem nenhum par romântico, e, longe de ser uma princesa - e mesmo sendo a “filha do chefe” -, o título não confere a ela nenhuma “aura diferenciada”, o que é muito bem-vindo no decorrer da narrativa. Moana também se destaca pela forma que sua história é construída e retratada, principalmente nos primeiros momentos, trazendo várias referências à cultura Polinésia, como citações às suas crenças e modos de vida – criando o background perfeito para a trama que se desenrola em sua pouco mais de uma hora e meia de duração. No que concerne à construção da protagonista, que cede o nome ao filme, ela retrata uma personagem que poucas vezes foi vista nas telas – principalmente em animações -, com doses extras de coragem e determinação, o que a torna dona de si mesma e um excelente ícone no qual o público feminino de todas as idades pode se espelhar, desprovida de preconceitos (olha esse #girlpower). Para além disto, Moana vem como um musical, que vai do formato High School Musical (onde as pessoas começam a dançar e a cantar do nada, interrompendo qualquer atividade que estejam desempenhando), até um mais sutil e contemporâneo, modificando a forma como as canções são apresentadas (frequentemente solos ou duetos) e utilizando do humor em alguns momentos, uma transição bem explícita não só nas canções mas também no enredo como um todo a partir do momento que o semideus Mauí entra em cena (que faz as vias de um “alívio cômico” em determinados momentos). O personagem inclusive me lembrou muito o gênio de Aladdin, com sua presença exagerada e a “modéstia”. Com uma animação impecável e cenas de tirar o fôlego – e que de quebra ainda fazem referência a outras animações, tais como Hércules e A Pequena Sereia (dirigidos pela mesma dupla de diretores) -, o filme conquista a atenção e o carinho do expectador das diferentes faixas etárias. Cativante e divertida, vale a pena conferir esta animação não só pelo que ela representa dentro da própria produtora, mas por suas mensagens intrínsecas e implícitas sobre o respeito e a difícil jornada de descobrir quem somos, qual a nossa missão e nosso lugar no mundo.

P.S. Ouça a trilha sonora (clique aqui). Tenho certeza de que não vai se arrepender, pois está maravilhosa!


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