domingo, 15 de janeiro de 2017

Resenha: Em Um Bosque Muito Escuro


“Estou correndo. Corro em um bosque iluminado pelo luar, com galhos rasgando minha roupa e prendendo os pés nas folhagens rasteiras amassadas pela neve. Espinhos ferem minhas mãos. Minha respiração queima a garganta. Dói. Tudo dói. Mas é o que faço. Correr. Vou conseguir. Sempre que corro tenho um mantra na cabeça. O tempo que quero marcar ou as frustrações que jogo para fora na pista. Mas dessa vez só uma palavra, um pensamento, está martelando dentro de mim”. 

Sinopse: “Alguém irá se casar. Alguém será assassinado. Leonora, conhecida por alguns como Lee e por outros como Nora, é uma reclusa escritora de romances policiais que não sai de seu apartamento a menos que seja absolutamente necessário. Mas quando Clare, uma amiga de escola de quem ela perdera contato há anos, a convida para comemorar sua despedida de solteira em um fim de semana numa estranha casa envidraçada no interior da Inglaterra, ela decide abrir uma exceção. Quarenta e oito horas depois, Lee (ou seria Nora?) desperta em um quarto de hospital com a devastadora certeza de que alguém está morto. Mais do que se perguntar o que aconteceu, ela precisa descobrir o que fez. Para encontrar a resposta, Nora (ou seria Lee?) deve revisitar uma parte de si que ela preferia manter enterrada onde sempre esteve: no passado”.

Título: Em Um Bosque Muito Escuro.
Autora: Ruth Ware.
Páginas: 286 páginas.
Editora: Rocco. 
ISBN: 978-85-325-3038-7.


“Novembro chegou numa velocidade assustadora. Fiz o melhor que pude para empurrar aquela coisa toda para o fundo do cérebro e me concentrar no trabalho, mas foi ficando cada vez mais difícil à medida que o fim de semana se aproximava. Percorria rotas mais longas na corrida, procurando me cansar ao máximo antes de dormir, mas assim que encostava a cabeça no travesseiro os murmúrios começavam. Dez anos. Depois de tudo o que aconteceu. Será que aquilo era um erro enorme? ”.

Algumas Impressões 

         É necessário começar esta resenha dizendo que não costumo ler nada dos gêneros de romance policial, crime, espionagem e investigação. Isso porque, há dois anos, um livro com estas temáticas me frustrou a tal ponto que passei a evitar qualquer um que pudesse ser remotamente semelhante (e para efeito de conhecimento, ele se chama “A Farsa”). Inúmeras pessoas já me indicaram autoras brilhantes como Agatha Christie, mas, mesmo com tantas opiniões positivas, eu ainda relutava em pegar algo deste tipo para ler. Contudo, apesar dos pesares, foi com Ruth Ware que descobri como vale à pena dar uma segunda chance a algo que você achava não gostar. Com suas quase trezentas páginas, “Em Um Bosque Muito Escuro” me prendeu de tal modo em sua narrativa tensa e misteriosa que, quando dei por mim, já estava no último capítulo – e isso após apenas dois dias de leitura intensa. A experiência de leitura foi semelhante à quando li meu primeiro livro de Gillian Flynn, “Garota Exemplar”, e, por mais que a trama de Ware guarde uma abordagem totalmente diferente, o estilo de narrativa preserva algumas semelhanças com o de Flynn. Acima de tudo, o enredo, que tem como protagonista uma reclusa escritora de romances policiais que busca a todo custo esquecer seu passado, traz uma análise profunda sobre os jogos de poder e a toxidade de algumas amizades femininas, além de discutir a dissimulação inerente aos seres humanos e até que ponto se pode chegar pela manutenção de um status quo.


“Na minha imaginação, Clare balançou a cabeça, pedindo que eu fosse paciente, que esperasse. Clare sempre gostou de segredos. Seu passatempo favorito era descobrir alguma coisa sobre você e dar indiretas. Não era sair espalhando. Era só fazer referências veladas em conversas, referências de coisas que só você e ela entendiam. Referências para você saber que ela sabia”.

          Dez anos haviam se passado desde que Leonora (antes Lee, agora Nora), deixara a cidade onde cresceu e cortara relações com todos que conhecia com o único objetivo de esquecer o que ali vivera. Mudou-se para Londres, cursou a universidade e se tornou uma escritora razoavelmente bem-sucedida de romances policiais. E agora, o passado batia à sua porta através de um convite para a despedida de solteira de Clare, que fora sua melhor amiga desde os cinco anos, mas com quem não tinha contado desde os dezesseis, quando deixara sua antiga cidade. Dividida e, acima de tudo, questionando-se fortemente sobre o porquê desta tentativa de reaproximação, ela resolve ceder à curiosidade e aceita passar o fim de semana em uma estranha casa de vidro na floresta numa cidade do interior da Inglaterra. Quarenta e oito horas depois, Nora acorda em um quarto de hospital, ferida e sem conseguir se lembrar do que aconteceu, do que ela havia feito – ou não. Sua única e assustadora certeza é de que alguém está morto. Na tentativa de relembrar os acontecimentos, as lembranças confusas e repletas de lacunas a aterrorizam, e ela terá de ir até o fim para sanar suas dúvidas e descobrir o que de fato se desenrolou naquela misteriosa casa na floresta. Quando passado e presente se misturam dando origem a uma combinação perigosa e potencialmente letal, é preciso revisitar os próprios fantasmas, pois determinadas coisas que não podem ser mantidas em segredo para sempre.



Sobre a Editora Rocco
Há mais de três décadas demonstrando sensibilidade para detectar as tendências do mercado, ousadia na difusão de novas ideias e agilidade de produção, a Rocco se orgulha por ser uma editora sólida e independente, capaz de se reinventar a cada dia para atender aos anseios do público brasileiro. Seus selos são: Rocco, Rocco Jovens Leitores, Rocco Digital, Bicicleta Amarela, Fábrica 231, Fantástica Rocco, Anfiteatro e Rocco Pequenos Leitores.

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