Resenha: Extraordinário

“Sei que não sou um garoto de dez anos comum. Quer dizer, é claro que faço coisas comuns. Tomo sorvete. Ando de bicicleta. Jogo bola. Tenho um Xbox. Essas coisas me fazem ser comum. Por dentro. Mas sei que as crianças comuns não fazem outras crianças comuns saírem correndo e gritando do parquinho. Sei que os outros não ficam encarando crianças comuns aonde quer que elas vão”.

Sinopse: “August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade… até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. R. J, Palacio criou uma história edificante, repleta de amor e esperança, em que um grupo de pessoas luta para espalhar compaixão, aceitação e gentileza. Narrado da perspectiva de Auggie e também de seus familiares e amigos, com momentos comoventes e outros descontraídos, Extraordinário consegue captar o impacto que um menino pode causar na vida e no comportamento de todos, família, amigos e comunidade - um impacto forte, comovente, e, sem dúvida nenhuma, extraordinariamente positivo”.

Título: Extraordinário.

Autora: R. J. Palacio.

Páginas: 320 páginas.

Editora: Intrínseca.

ISBN: 978-85-8057-301-5.

 

“Levou mais ou menos uma semana para os alunos da minha turma se acostumarem com meu rosto. E eles eu via todos os dias, em todas as aulas. Para os outros alunos do quinto ano se habituarem, levou mais ou menos duas semanas. Esses eu via no refeitório, no recreio, na biblioteca e nas aulas de educação física, música e informática. Para o restante dos alunos da escola, levou cerca de um mês. Era o pessoal dos outros anos. Alguns eram mais velhos. Tinham cortes de cabelo esquisitos. Outros tinham piercings no nariz ou espinhas. Nenhum se parecia comigo”.

Algumas Impressões 

        Sabe aquele livro que você já ouviu muito falar, pois várias pessoas próximas ou que acompanha já leram e são só elogios na hora de descrevê-lo? Lançado em 2013 pela Editora Intrínseca, “Extraordinário” é um título que já estava na minha wishilist há um bom tempo, mas que, por inúmeros fatores, ainda não tinha me interessado verdadeiramente a ponto de começar a leitura – por mais opiniões positivas que pudesse encontrar por aí. Até que, no ano passado, começaram a sair as informações acerca da adaptação cinematográfica e finalmente procurei saber mais sobre a trama.... Aí não teve mais volta: eu precisava conhecer Auggie e sua história emocionante e inspiradora o quanto antes! E através da parceria com essa editora que é puro amor (e que já dura dois anos), enfim solicitei o livro, escrito pela autora R. J. Palacio. Acredito que podemos dividir os livros em três categorias, sendo os que nós fazemos a leitura, gostamos e colocamos na estante, os que indicamos para os amigos e aqueles que mudam as nossas vidas. E antes de falar sobre “Extraordinário” já adianto que ele faz parte do último grupo. A trama conta a história de August Pullman, o Auggie, um garoto de dez anos que nasceu com diostose bucomaxilofacial, uma mutação nos genes que acabou deformando seu rosto. Ele nunca foi à escola por conta de diversas cirurgias pelas quais teve de passar, mas agora, prestes a ingressar no quinto ano, seus pais decidiram que era a hora de o menino dar mais este passo. Narrado da perspectiva de Auggie, sua irmã e alguns dos amigos que faz ao longo da história, o enredo se alterna entre momentos comoventes e descontraídos, além de trazer inúmeras referências a Star Wars e Senhor dos Anéis. Ao longo das páginas, a autora oferece uma visão única e surpreendente do impacto que um menino pode causar na vida de todos os que o cercam, sobre como cada um lida com a deficiência de Auggie e, o mais importante, sobre a forma como ele mesmo se percebe no mundo.

“Seus feitos são seus monumentos. Esse preceito significa que deveríamos ser lembrados pelas coisas que fazemos. Elas importam mais do que tudo. Mais do que aquilo que dizemos ou do que nossa aparência. As coisas que fazemos sobrevivem à nós. São como os monumentos que as pessoas erguem em honra dos heróis depois que eles morrem. Como as pirâmides que os egípcios construíram para homenagear os faraós. Só que, em vez de pedra, são feitas das lembranças que as pessoas têm de você. Por isso nossos feitos são nossos monumentos. Construídos com memórias em vez de pedra”.

        É extraordinário (com o perdão do trocadilho) como esta leitura pode se mostrar impactante e envolvente, além de muito fluida. Venci as pouco mais de trezentas páginas em apenas um dia, e, por não conseguir deixar a história nem por um momento, li até enquanto estava caminhando para o trabalho! Não conheço esta realidade, nem posso imaginar como é estar na posição de Auggie, e o que mais me emocionou foi a forma extremamente realista e factual com que o próprio menino narra seus dias, e também a forma como ele analisa o comportamento dos outros diante de seu problema. A forma como a maior parte das pessoas é cruel, sente aversão, nojo ou pena, e prefere criar teorias mirabolantes (a exemplo da praga do queijo, de “O diário de um banana”) ao invés de ter empatia, gentileza, amor e compreensão. O diferente é discriminado, e o grande desafio de Auggie é mostrar para todos que, apesar do exterior nada comum, ele é um menino como todos os outros. E é justamente esta força de vontade e aceitação que o torna extraordinário. Sem sombra de dúvidas um dos melhores livros que já li, e com toda certeza um dos favoritos de 2017! É uma leitura que deveria ser aconselhada até mesmo nas escolas, pois acredito que “Extraordinário” tem a contribuir com as mais diferentes faixas etárias. Ele nos leva a refletir sobre a vida que temos e sobre as pequenas e grandes coisas que permeiam nosso dia a dia, pois, às vezes, não damos o devido valor que elas merecem. Já parou para pensar nisso? No mais, este é mais um daqueles títulos (a exemplo de “The Kiss of Deception” e da série “Os Legados de Lorien”) que acredito que todos deveriam ler. Pois, da mesma forma que não se pode julgar um livro pela capa, não se deve julgar um menino pela “cara”.

Sobre a Intrínseca

Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.