“Quando sua aterrorizante missão termina e o destrói por completo, o que importa não é o que você encontrou, mas o que encontrou você”.
Sinopse: “Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes estão mergulhados no ostracismo. Sem emplacar nenhum novo hit, eles trabalham trancados em estúdio produzindo outras bandas, enchendo a cara e se dedicando com reverência à criação – ou, no caso, à ausência dela. Uma rotina interrompida pela visita de um funcionário misterioso do governo dos Estados Unidos, com um convite mais misterioso ainda: uma viagem a origem de um som desconhecido que carrega em suas ondas um enorme poder de destruição. Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração. Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um homem que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas ele resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e o organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir”.
Título: Piano Vermelho.
Autor: Josh Malerman.
Páginas: 318 páginas.
Editora: Intrínseca.
ISBN: 978-85-510-0206-3.
“Alguns pensam que os Danes são uns perturbados. Eles bebem mais do que os veteranos da Primeira Guerra Mundial. Nunca perdem uma festa. E estão escrevendo de maneira espontânea a trilha sonora do pós-guerra, com partes iguais de fúria, alegria, confusão e ignorância intencional. Tipo, vamos seguir em frente. Tipo, isso foi ontem. O título da canção que chegou ao número um, “Be Here”, esteja aqui, resume involuntariamente sua visão de mundo coletiva. Esteja aqui. Respire. Seja”.
Algumas Impressões
Faz um ano que conheci a narrativa do autor Josh Malerman, através de seu primeiro thriller publicado no Brasil pela Editora Intrínseca, “Caixa de Pássaros” (clique para ler a resenha). De lá para cá, pude me aprofundar um pouco mais no gênero, e entrei em uma onda gigantesca de leituras de terror psicológico, suspense e mistério. Assim como a maravilhosa Gillian Flynn, que também tem suas obras publicadas pela editora, Josh possui uma forma muito particular de envolver o leitor em suas tramas, de modo que, quando você menos esperar, já estará no desfecho – e este te deixará infinitamente mais intrigado (a) do que qualquer outra coisa. Na minha opinião, o segredo do autor está justamente no fato de apresentar muitas possibilidades, brincar com a imaginação de seus interlocutores e fazer com que estes se identifiquem com os personagens a ponto de viver cada momento da narrativa através deles, vendo o que eles veem e sentindo o que sentem. Em “Piano Vermelho”, seu mais novo lançamento, somos apresentados aos Ex-ícones da cena musical de Detroit, os Danes. Sem emplacar nenhum novo hit já há alguns anos, se dedicam a produzir outras bandas em seu estúdio na cidade e a tentar esquecer os momentos vividos na guerra, quando eram músicos da banda do Exército dos Estados Unidos. Mergulhados no ostracismo, têm sua rotina interrompida pela visita inesperada de um funcionário do Governo, que os convoca para uma perigosa missão na África com o objetivo de descobrir a origem de um som misterioso – e com muito potencial e tanto para a destruição. Liderados pelo pianista Philip Tonka, os integrantes da banda se reúnem à um inusitado pelotão na jornada pelo deserto, que guarda surpresas para as quais não estão preparados.
“O paciente está acordado. O som de uma música composta por ele está sumindo, como se, enquanto ele dormia, tivesse tocado sem parar, a trilha sonora de seu sono inacreditável. Ele se lembra de cada detalhe do deserto”.
Seis meses depois, Philip acorda de um coma profundo no Hospital Macy Mercy, onde é assistido por Ellen, uma enfermeira dedicada e que guarda seus próprios – e sombrios - segredos. Com praticamente todos os ossos do corpo quebrados, é um milagre que o músico esteja vivo e se recuperando tão rápido, o que faz com que tanto ele quanto a enfermeira comecem a se questionar sobre o que realmente está acontecendo. Por mais que prefira guardar para si até que descubra o que está por trás de sua surpreendente recuperação, Philip se lembra de cada momento que passou no deserto – exceto onde estão seus companheiros e como conseguiu sair de lá. Através da narração intercalada de Philip e Ellen, acompanhamos uma assustadora viagem pelas memórias do músico, repleta de enigmas não resolvidos que levam nossos personagens para o centro de uma intrincada conspiração. De médicos loucos a contextos históricos, situações surreais e impossíveis e segredos de uma forma que apenas o Exército dos Estados Unidos pode guardar, “Piano Vermelho” é como um corredor sem saída, mas repleto de portas e janelas abertas nas mais diversas direções. Assim como aconteceu com “Caixa de Pássaros”, demorei um tempo para processar todos os acontecimentos desta leitura, e bem como na outra ocasião, conclui as páginas mais encantada pela capacidade narrativa do autor do que quando comecei. As tramas de Josh podem ser consideradas frustrantes para alguns, mas para mim são obras mais do que recomendadas uma vez que entregam tudo o que prometem ao mesmo tempo em que tiram de suas mãos assim que vira as páginas. Com um cenário complexo e cheio de elementos interessantes, personagens e figuras muito interessantes e um simbolismo sem igual, esta é uma leitura capaz de permanecer e brincar com a sua mente por um longo período e, por consequência, uma leitura mais do que recomendada.
Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.
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