segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Resenha: Jane Austen Roubou Meu Namorado

“Hoje é meu aniversário. Faço dezessete anos. E estou apaixonada pelo homem mais lindo do mundo. E ele também está apaixonado por mim – quer se casar comigo. Estou tentando desenhá-lo para fazer justiça ao seu porte alto, ombros largos, cabelos negros e seus belos olhos castanhos, mas estou chorando tanto que minhas lágrimas jorram e estragam meu desenho. Choro porque não podemos nos casar”. 

Sinopse: “Jenny Cooper encontrou seu herói graças a sua prima Jane Austen (que se considera uma especialista em questões do coração). Agora é a vez de Jane se apaixonar, e há uma enorme quantidade de danças, rumores, escândalos e cavalheiros disponíveis para entreter duas adolescentes em busca de aventura. Contudo, uma vez perdida, uma boa reputação acaba para sempre, e Jane corre o risco de ser a fofoca da cidade por todos os motivos errados...”.

Título: Jane Austen Roubou Meu Namorado: Um diário secreto. 
Autora: Cora Harrison. 
Páginas: 286 páginas.
Editora: Rocco Jovens Leitores. 
ISBN: 978-85-7980-224-9.


Algumas Impressões 

Sou uma grande admiradora da obra de Jane Austen, e não é à toa que um dos meus livros favoritos da vida é “Orgulho e Preconceito”. Entretanto, por mais que eu goste muito da autora, poucos são os livros mais atuais que fazem referência a ela que acabam me conquistando. Caso você não se lembre ou tenha chegado por aqui há pouco tempo, já resenhei “Orgulho e Preconceito e Zumbis” (clique para ler), “O Clube de Leitura de Jane Austen” (clique para ler) e “As Épicas Aventuras de Lydia Bennet” (clique para ler), e apenas o primeiro realmente chamou minha atenção. Contudo, continuo em busca de um bom título que faça referência a uma das maiores autoras de todos os tempos. E foi desta forma que “Jane Austen Roubou Meu Namorado” chegou por aqui (através da parceria com a Editora Rocco, aliás). Na trama, somos apresentados a Jenny Cooper, melhor amiga e prima de Jane Austen. Ambas são adolescentes, e é claro que a dinâmica deste determinado grupo social não era muito diferente em 1791: elas também possuem uma dupla de haters, que não gostam nem um pouco da visionária Jane (e Jenny faz o papel da amiga que a defende com unhas e dentes). O ano em questão devia ser uma data feliz, afinal, Jenny faria dezessete anos. Mas é claro que tudo é completamente arruinado quando seu irmão e cunhada não permitem que se case com seu amado Thomas. E as coisas só pioram quando ele precisa embarcar em uma missão e eles passam a se comunicar apenas por cartas. Mas, como Jenny não tem permissão para recebê-las, tampouco respondê-las, Jane a sua mãe ficam com a “responsabilidade”, respondendo a cada linha com um amor tão dedicado que chegava a ser (muito) estranho. Será que as aparências realmente transmitem o que de fato está acontecendo?

A premissa pode parecer interessante, mas meus problemas com esse livro começaram pelo fato de que existe uma história anterior, outro livro da mesma autora: “Eu Fui a Melhor Amiga de Jane Austen”. Não sei do que se trata ao certo o livro anterior, mas, a sensação que tive enquanto fazia a leitura deste título foi a de que estava perdendo alguns detalhes da narrativa, como se faltasse algo em relação ao ritmo que a história estava seguindo. A forma como o enredo é organizado também me incomodou um pouco, e não me senti tão confortável com a sequência dos capítulos, organizados como em um diário. Apesar dos pesares, o livro tem uma ótima diagramação, a edição foi muito bem planejada pela editora e a autora não deixou que o estilo de escrita de Jane Austen passasse despercebido. É possível notar o tom, de uma forma mais atualizada, e o recurso narrativo em primeira pessoa contribui para que os leitores possam se aproximar da realidade retratada, vendo tudo pelos olhos do personagem. Entretanto, mesmo com todos os pontos que me agradam no geral (narração em primeira pessoa, o tom de Jane preservado, entre outros), “Jane Austen Roubou Meu Namorado” não conseguiu me conquistar a ponto de entrar para a lista dos favoritos. Apesar de se passar na adolescência da autora, numa tentativa de retratar situações que poderiam ter inspirado Jane a criar suas tramas, o olhar de Cora Harrison sobre os acontecimentos por vezes me pareceu enfadonho, e não pude suportar alguns dos “dramas” mais comuns presentes na narrativa. Jenny é uma ótima narradora / personagem, mas nem ela nem a visão bem além de seu tempo de Jane conseguiram me fisgar para dentro da obra. É uma leitura recomendada tanto para os fãs de Jane Austen quanto para os que ainda desejam conhecer a autora. Mas a dica é que, caso você se encontre no segundo caso, comece pelas obras da própria autora, para depois partir em busca de novas representações.

Sobre a Editora Rocco
Há mais de três décadas demonstrando sensibilidade para detectar as tendências do mercado, ousadia na difusão de novas ideias e agilidade de produção, a Rocco se orgulha por ser uma editora sólida e independente, capaz de se reinventar a cada dia para atender aos anseios do público brasileiro. Seus selos são: Rocco, Rocco Jovens Leitores, Rocco Digital, Bicicleta Amarela, Fábrica 231, Fantástica Rocco, Anfiteatro e Rocco Pequenos Leitores.


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