Resenha: Vida e Morte: Crepúsculo Reimaginado

“Edythe estava parada ao pé do meu leito, com uma expressão que parecia mais de deboche do que um sorriso. Fiquei olhando para ela, tentando juntar as peças na minha cabeça. Ela não parecia uma pessoa capaz de atacar veículos com as próprias mãos. Mas, por outro lado, ela também não parecia com ninguém que eu já tivesse visto”. 

     Tudo começou quando Beaufort Swan (ou Beau, como ele mesmo sempre diz), decidiu passar um tempo com o pai, Charlie, na melancólica cidade de Forks. Sua mãe havia se casado novamente, e o novo marido viajava muito. Como ela sempre ficava em casa com Beau, ele sentia que Renée estava infeliz. Mas, ao chegar à cidade mais chuvosa da Península de Olympic, ele conhece a misteriosa e atraente Edythe Cullen, fato que faz com que sua vida dê uma guinada emocionante, extremamente apavorante. Com a pele de porcelana, uma voz hipnótica, dons que parecem sobrenaturais e olhos dourados mais do que incomuns, Edythe é o mesmo tempo enigmática e irresistível. Cada vez mais atraído por ela, o que Beau não consegue perceber é que, quanto mais se aproxima da garota, maior o perigo para ele e aqueles que o cercam. E, o pior – ou melhor – de tudo é que pode ser tarde demais para voltar atrás.

Título: Vida e Morte: Crepúsculo Reimaginado.

Autora: Stephenie Meyer.

Páginas: 391 páginas.

Editora: Intrínseca.

ISBN: 978-85-8057-855-3.

Algumas Impressões 

      Conheci a Saga Crepúsculo assim que o primeiro filme foi lançado, em 2008, e logo gostei da história Stephenie Meyer. Tanto que, por muitos anos, fui uma fã dedicada, do tipo que coleciona coisas e vai a estreias e pré-estreias superlotadas, passando horas nas filas intermináveis, contando os segundos para o filme e dando gritinhos histéricos quando meus personagens preferidos apareciam em cena (dê um desconto, eu estava no ápice da adolescência). Li e reli os livros, e fiquei absolutamente chocada ao constatar que já se passaram dez anos (e alguns meses) desde o lançamento de Crepúsculo. Dá para acreditar? Claro que com o passar dos anos muita coisa mudou no que diz respeito ao meu estilo e preferências de leitura, além da forma como interpreto a história da saga, e com isso acabei deixando de ser tão aficionada com ela. Mas, apesar de algumas coisas um tanto absurdas e clichês ao extremo que hoje vejo com outros olhos - e que acredito que poderiam ter sido apresentadas de forma diferente -, ainda gosto da história. É basicamente uma relação de amor entre um ser humano e uma criatura fantástica, mitológica. Ha, sem contar que, a partir de Lua Nova, temos um triângulo amoroso envolvendo esta relação: ainda uma humana (um pouco irritante às vezes e sem nenhum instinto de autopreservação), mas agora, duas criaturas fantásticas, o vampiro e o lobisomem.

“Alguns minutos depois de Allen sair com os andarilhos, Julie veio sentar-se ao meu lado. Parecia ter 14 anos, talvez 15, e tinha cabelos pretos brilhantes e compridos, presos com elástico num rabo de cavalo na nuca. Sua pele era linda, como seda acobreada, os olhos eram escuros e amplos sobre as maçãs altas do rosto e os lábios se curvavam como um arco. Era um rosto muito bonito. – Meu nome é Julie Black – Ela estendeu a mão. – Você comprou a picape da minha mãe”.

      Há algum tempo, percebi que se formou certo “preconceito” com relação à saga. Muitas pessoas começaram a negar que um dia já gostaram e até se emocionaram com ela, apenas porque uma espécie de senso comum se formou (principalmente na internet) hostilizando conceitos apresentados na trama. Sempre fugi deste tipo de discussão e pretendo continuar desta forma, porque, se tem uma coisa na qual acredito é que toda pessoa é livre para gostar do que quiser, mas que também deve usar esta liberdade para respeitar o que o outro gosta. Quando foi anunciado que a autora lançaria um conteúdo especial em comemoração ao aniversário de dez anos da publicação do primeiro livro, por um minuto me permiti ter esperanças de que ela finalmente entregaria o prometido “Midnight Sun”, onde a história original seria apresentada pela visão de Edward Cullen.  Mas, apesar de não ser a história que eu obviamente estava esperando, “Vida e Morte” me surpreendeu de uma forma inexplicável e absolutamente positiva.

“As palmas das minhas mãos começaram a suar quando saí do carro, me apressando para segurar a porta do restaurante para ela. Eu nunca tinha saído em um encontro assim, um encontro de verdade. Já tinha saído em grupo em Phoenix, mas podia dizer com sinceridade que não me importava se voltasse ou não a ver aquelas garotas. Isso era diferente. Eu quase tinha um ataque de pânico cada vez que achava que aquela garota podia desaparecer”.

       Para quem já conhece a trama, o começo pode parecer uma cópia, contando apenas com a inversão do gênero de quase todos os personagens (exceto Charlie e Renée) e pequenas modificações em algumas situações para que estas fossem associadas mais facilmente à realidade de nosso protagonista, Beau Swan. Mas nada poderia preparar o leitor para o grande diferencial deste livro. Do meio ao final, o enredo apresenta uma reviravolta impressionante, respondendo a questionamentos - que na saga só foram respondidos nas sequências (como a origem de cada um dos Cullen e a transformação das lobas quileutes) -, e mostrando como seria se o grande “e se?” da história original tivesse se tornado realidade. Sempre pensei nisso e em suas implicações, e gostei muito mais deste desfecho. Beau também gerou uma identificação muito maior do que Bella, uma vez que tem senso de humor e boas sacadas, até mesmo durante as sequências mais tensas, como a do estúdio de balé (e não é tão “meloso”, por assim dizer). E, por mais que Stephanie tenha criado este Crepúsculo Reimaginado sem pretensão de uma continuação, acredito que ela deveria pensar seriamente nesta possibilidade.

Sobre a Intrínseca

Uma editora jovem, não só na idade – afinal foi fundada em dezembro de 2003 – mas no espírito inovador de optar pela publicação de ficção e não ficção priorizando a qualidade, e não a quantidade de lançamentos. Essa é a marca da Intrínseca, cujo catálogo reúne títulos cuidadosamente selecionados, dotados de uma vocação rara: conjugar valor literário e sucesso comercial.