Sessão Pipoca: O Bom Dinossauro

       Imagine só se o asteroide que atingiu a Terra e aniquilou os dinossauros cerca de 65 milhões de anos atrás tivesse simplesmente passado direto. Imaginou? E, uma vez que esta tragédia é evitada e os dinossauros continuam por aqui, conhecemos Arlo, um dinossauro adolescente, e sua família, que tem na agricultura a base para a sobrevivência. Mas há algo errado: por mais que eles estoquem comida suficiente para passar o inverno, dia após dia ela desaparece. Seria uma praga? Que tipo de animal estaria fazendo isso? Após passar por um drama pessoal, a vida do jovem e medroso Arlo muda completamente: ele acaba se perdendo da família, e, no árduo caminho que tem de percorrer na tentativa de voltar para casa, vai descobrir que a ajuda de que precisa pode vir dos lugares mais inesperados para que possa concluir esta jornada.

Título: O Bom Dinossauro (The Good Dinosaur).
Duração: 1 hora e 34 minutos.
Direção: Peter Sohn.
Gênero: Animação, Aventura, Comédia.
Lançamento: 07 de janeiro de 2016.

Algumas Impressões 

       Sou fã assumida de animações, ainda mais as da Pixar. Quem não se lembra dos brinquedos criando vida em Toy Story e do drama final, quando Andy vai para a faculdade no terceiro filme? Ou quando os monstros que assustam as crianças humanas, com o objetivo de usar os gritos como fontes de energia, acabam se metendo em uma baita confusão justamente por causa de uma destas crianças? Mas, desde que Divertida Mente (clique para ler a resenha) chegou aos cinemas, comecei a ver os filmes com outros olhos, observando mais atentamente a forma como brincam com o imaginário não só das crianças, mas também dos adultos. Claro que a Pixar vem fazendo isso há muito tempo, emocionando ao longo de seus mais de vinte anos de histórias. E em O Bom Dinossauro, a mais nova animação da empresa em cartaz, a pergunta é: e se o asteroide que atingiu a Terra há 65 milhões de anos, acabando com a existência dos dinossauros, tivesse errado o alvo e passado direto?

     Por mais que não seja algo tão complexo como Divertida Mente, o filme, que tem como protagonista o dino adolescente Arlo, na companhia da criança humana (“das cavernas”) Spot, me encantou de uma forma especial, principalmente pelas mensagens intrínsecas na história, como a importância da família e da amizade e o papel fundamental de ambas na superação das adversidades que surgem no caminho dos personagens (evitando boa parte dos clichês utilizados geralmente), além da criação de um cenário impecável, lembrando até mesmo as produções em live action de tão realista. Percebi que a maior parte das críticas a esta animação salienta que o filme deixou a desejar no que diz respeito justamente a não ser direcionado apenas ao público infantil, mas, contrariando opiniões, acredito que o longa cumpre todos os objetivos a que se propõe, inclusive o de atingir a um público plural. Penso que cada expectador vivencia a história de uma forma ímpar. Além disso, depois de toda aquela complexidade, não há nada de absurdo em uma animação mais “simples”, mas que proporcione diversão na mesma medida. Porém, se algo me chamou a atenção de forma “negativa”, foi a aparição de Forrest Woodbush (voz pelo próprio diretor, Peter Sohn)- um tricerátopo muito estranho e completamente nonsense - que é, na verdade, um personagem muito interessante e nada previsível que poderia ter sido melhor explorado na trama.

 

       Antes do filme, porém, o novo curta-metragem de animação da Pixar, Os Heróis de Sanjay (Sanjay’s Super Team), encanta os expectadores pela originalidade e simplicidade do enredo, além de sua pequena reflexão sobre a pluralidade cultural. O curta, com direção do consagrado artista e animador veterano da Pixar Animation Studios, Sanjay Patel (que trabalhou nas conhecidas animações Vida de Inseto, Toy Story 2, Monstros S.A., Os Incríveis, Ratatouille, Carros, Toy Story 3 e Universidade Monstros), conta a história de um menino da primeira geração de indo-americanos, cujo amor por um desenho animado da cultura pop ocidental entra em conflito com as tradições, levadas muito à sério pelo pai. A questão é que o pequeno Sanjay está encantado pelo mundo dos desenhos animados e das histórias em quadrinhos, enquanto o pai tenta despertar seu interesse pelas tradições e práticas hindus. Mas, o que antes eram tentativas que o garoto recebia com tédio e relutância, logo se transforma em uma aventura inspiradora quando ele embarca em uma jornada inimaginável, retornando com uma nova perspectiva acerca dos deuses de sua cultura. Uma perspectiva que ambos podem aceitar. O diretor, Sanjay Patel, usou a própria experiência para contar a história, e a produção é de Nicole Paradis Grindle (gerente de produção do filme Ratatouille e produtora associada em Toy Story 3).