sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Resenha: Dartana


“A maioria da população de Daargrad, a única cidade de Dartana, vivia num aglomerado fétido de barracas e tendas erguida em mutirões guiados pelo saber das feiticeiras. Foram elas também que ensinaram os homens e mulheres de Daargrad a cavar as valetas que conduziam o esgoto a céu aberto para longe do Hangar das feiticeiras. Apesar do poder de cura que as feiticeiras guardavam para a guerra, as tendas eram cheias de gente doente, implorando por alívio aos seus males, passando os dias de joelhos, esperando uma porção de massa comum para forrar seus estômagos ou alguns segundos de atenção das feiticeiras para serenar suas enfermidades enquanto rezavam que o novo deus de Dartana não tardasse a se levantar do Hangar para marchar”.

Sinopse: “Dartana, Combatheon e o planeta Terra. Trê mundo distantes, unidos pelo mesmo destino. Combatheon é um mundo que serve como plataforma de batalha para que os deuses que chegam de outros planetas entrem em guerra. Muito mais que a glória, estes deuses precisam da vitória para libertar seus planetas da maldição do pensamento. Belenus é o deus da guerra de Dartana, que segue ao Combatheon cercado e protegido por suas feiticeiras de batalha e centenas de soldados, que marcham para salvar seu mundo e o que restou de seu povo, certos de que desta vez seu deus será o novo campeão. Uma vez na guerra, os deuses precisam se conectar através das estrelas com seus avatares, que lhes enviarão o conhecimento sobre armas a erem desenvolvidas pelos construtores de seu exército. E está mensagem chegará ao planeta Terra. Em um dos livros mais criativos e surpreendentes de André Vianco, o autor cria um mundo retalhado entre vida e morte, fé e descrença, mitologias e mentiras. Todos estes elementos são reconstruídos para despertar a guerra e libertar um povo”. 

Título: Dartana.
Autor: André Vianco.
Páginas: 783 páginas.
Editora: Fábrica 231.
ISBN: 978-85-68432-84-6.


“Era hora de lutar por Dartana, inúmeros homens e mulheres peregrinavam até o Hangar das feiticeiras e lá eram escolhidos, sendo separados em novos soldados, novos construtores e novas feiticeiras. Quando o deus da guerra estivesse pronto, se desvencilharia do berço onde nascia e marcharia pelo desfiladeiro até o Portão de Batalha que, em tempos normais, era só uma imensa parede de rocha negra no fim do desfiladeiro, mas não quando um deus marchava (...) Aos que ficavam para trás, como Jeliath e sua mãe, restava dobrar os joelhos e acender velas, orando ante uma representação do deus da guerra numa estátua de barro, esperando que a batalha fosse vencida e suas cabeças fossem encharcadas pelo saber”.

Algumas Impressões 

       Para começo de conversa, Dartana é um livro que proporciona uma leitura densa e extremamente rica em detalhes através de um enredo fantástico criado de forma brilhante pelo autor André Vianco. Eu ouvi falar dele pela primeira vez no ano passado, por conta da Bienal do Livro de São Paulo, pois várias blogueiras que acompanho compareceram e postaram sobre o trabalho dele, e logo que seu lançamento mais recente surgiu na News da Editora Rocco eu me interessei pela premissa e fiz o pedido sem pensar duas vezes, o que se mostrou potencialmente problemático. Não pela história, é claro, mas literalmente pelo tamanho, pois este título de quase oitocentas páginas pode assustar muito no começo. Com uma riqueza de detalhes impressionante, Vianco aposta em uma narrativa descritiva e de imersão, com um universo muito bem construído e apresentado com maestria, entretanto, encontrei alguns problemas com o ritmo, pois determinadas passagens se mostram muito “paradas”. Por outro lado, a trama é narrada por vários personagens, o que proporciona pontos de vista únicos e diferentes, mas dois se destacam, sendo eles Jeliath, um construtor que consegue manter uma pequena linha de raciocínio para contabilizar gado, e Dabbyne, que tenta a todo custo provar que o deus enviado para o Combatheon e que está destinado a salvar a todos é de fato real, pois a fé na quebra da maldição está há muito perdida em Dartana. Uma ressalva quanto ao número de narradores: por vezes os vários pontos de vista me confundiram um pouco, principalmente no início e por conta da quantidade de nomes distintos, mas não é algo que atrapalhe a leitura. Você pode estar se perguntando, “mas que maldição é essa?”. Bom, acontece que Dartana é um planeta amaldiçoado, onde todo o povo não consegue reter nenhum tipo de conhecimento por muito tempo. Durante a noite, qualquer coisa que tenha sido aprendida simplesmente some de suas mentes, e a única forma desta tormenta ter fim é através da vitória de um deus no Combatheon. Um ponto que merece destaque é como esse deus surge, e o fato de existirem pessoas que duvidam de sua divindade está intrinsecamente ligado a isto. Há também um núcleo de personagens na Terra, e a forma como elas interferem na história é de extrema importância, o que acaba tornando-as peças chave no enredo criado pelo autor. No mais, sendo o primeiro volume de uma série com muito potencial, “Dartana” envolve o leitor – principalmente o amante de ficção científica – e desperta a sua curiosidade quanto ao desfecho da trama. Como terminará a batalha entre os deuses? Conseguirá o planeta ser liberto da maldição e adquirir o conhecimento que tanto deseja? 



Sobre a Editora Rocco
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