“O que eles querem é que eu assuma verdadeiramente o papel que designaram para mim. O símbolo da revolução”.
Atenção: Esta postagem contém spoiler dos livros anteriores.
Sinopse: “Depois de sobreviver duas vezes à crueldade de uma arena projetada para destruí-la, Katniss acreditava que não precisaria mais lutar. Mas as regras do jogo mudaram: com a chegada dos rebeldes do lendário Distrito 13, enfim é possível organizar uma resistência. Começou a revolução. A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo. O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra?”
Título: A Esperança (Trilogia Jogos Vorazes, Livro 03).
Autora: Suzanne Collins.
Páginas: 424 páginas.
Editora: Rocco Jovens Leitores.
ISBN: 978-85-7980-086-3.
“O presidente Snow diz que está nos enviando uma mensagem? Bom, tenho uma para ele. Você pode nos torturar, nos bombardear e queimar nossos distritos até que eles virem cinzas. Mas está vendo isso aqui? Está pegando fogo! Se nós queimarmos, você queimará conosco! ”.
Algumas Impressões
Depois de muitas idas e vindas e alguns anos no processo, finalmente concluí a Trilogia Jogos Vorazes, da autora Suzanne Collins. Terceiro volume da trilogia, “A Esperança” é um livro complexo, imaginativo e, em essência, brutal e extremamente humano, e que traz com ainda mais força as discussões políticas, sociais e ideológicas intrínsecas aos volumes anteriores. Agora, Katniss Everdeen já sobreviveu a duas edições dos Jogos, e por ter desafiado a Capital de alguma forma ainda durante sua primeira participação, tornou-se um símbolo da revolução – mesmo que não intencionalmente. Mesmo após sair da arena pela segunda vez ela ainda não está a salvo, pelo contrário. Em “Em Chamas”, segundo livro da trilogia, Katniss explode a arena e é resgatada por um pequeno grupo insurgente, e, juntamente com parte dos tributos restantes, levada para o Distrito 13, tido como extinto desde a primeira revolta – e que teve como consequência a criação dos Jogos Vorazes, símbolo do poder da Capital. Já Peeta e Johanna foram capturados e seu destino é desconhecido. Cada vez mais irritado e com sede de vingança, o soberano de Panem, Presidente Snow, executa represálias mais e mais violentas contra toda a população. Enquanto luta para proteger aqueles que ama, principalmente sua mãe e sua irmã, a guerra se desenrola e se aproxima cada vez mais, e Katniss terá ainda mais desafios pela frente. A garota, agora com dezessete anos, tem de lidar com sua própria mente, cada vez mais paranoica (como visto no livro anterior) e perturbada por seu principal rival, o Presidente Snow, e ainda decidir se assumirá ou não o papel do Tordo, uma vez que os rebeldes do Distrito 13 desejam usá-la como porta voz, vinculando propagandas no sinal de TV da Capital para que o povo dos demais distritos se una rumo à revolução e a libertação do poder opressor que os comanda por tantos anos. Com uma protagonista singular, uma trama elaborada com críticas bem construídas e o melhor dos elementos distópicos, fora os personagens maravilhosos e profundos em essência, e também com um interessante e envolvente caráter mais introspectivo e reflexivo, a trama criada por Collins faz jus a seu sucesso editorial, afinal, com uma tiragem inicial de um milhão e duzentas mil cópias apenas nos Estados Unidos, apenas “A Esperança” vendeu cerca de 450 mil exemplares ainda na primeira semana de lançamento.
Leia também: Resenha: Jogos Vorazes e Resenha: Em Chamas.
“Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho dezessete anos. O meu lar é o Distrito 12. Participei dos Jogos Vorazes. Escapei. A Capital me odeia. Peeta foi levado como prisioneiro. Imaginam que ele esteja morto. Há uma grande chance de ele estar morto. Provavelmente é melhor que esteja morto...”
A possibilidade de explorar a mente dos personagens através de um enredo descritivo e imersivo me chama a atenção, pois faz com que o leitor se sinta parte da história, e não apenas um mero expectador. Só faço uma ressalva em relação à grande quantidade de cenas focadas na mente perturbada e obsessiva de Katniss, uma vez que nosso Tordo rebelde passa a maior parte da trama focada apenas em destruir o Presidente Snow – o que fez com que a história desse voltas e se tornasse um tanto estressante e enfadonha em determinados pontos, pelo menos para mim, por conta do monólogo mental de Everdeen (em alguns pontos eu queria matar essa garota, confesso). Outro ponto que não me agradou tanto assim foi a morte de personagens queridos como se esses fossem descartáveis, apenas figurantes – coisa que não eram de forma alguma. A trama é tão violenta quanto psicológica, e o debate sobre a moral e os valores da guerra e as consequências das escolhas feitas sobre cada personagem chega a ser palpável. Para Katniss, ser o símbolo da revolução é um preço alto a ser pago, já que a garota tem de decidir o quanto de sua sanidade está disposta a arriscar em nome desta causa. Em minha opinião, o livro serve a seu propósito. Não de ser um relato inspirador de bravura e coragem, mas uma análise profunda e reflexiva sobre como uma guerra muda as vidas não só dos combatentes, mas de toda Panem, de toda a nação. Uma trama que leva ao limite o estado emocional, psicológico e físico de Katniss e dos que a cercam. Nossos personagens são sobreviventes obstinados, lutando em busca de voz e justiça para que a configuração seja modificada e as gerações vindouras não tenham que sofrer pela mesma opressão. É quase como um relato corajoso e também um alerta para os erros cometidos em um ciclo sem fim e as consequências decorrentes, afinal, uma distopia – na maior parte das vezes - se passa em um futuro não tão distante. Todo o desenvolvimento é narrado pela voz da protagonista, que neste volume beira a ferocidade, e que, com viradas surpreendentes e de tirar o fôlego, culminam em um desfecho surpreendente, irreverente e completamente original.
Informações Adicionais
A saga Jogos Vorazes foi pioneira de uma tendência que ganhou força no mercado literário nos últimos anos, a dos romances distópicos e pós-apocalípticos, principalmente voltados para o público infanto juvenil e jovem adulto. O primeiro volume, que leva o nome da trilogia, foi lançado em 2008, o segundo, “Em Chamas”, em 2009 e o desfecho, “A Esperança”, em 2010. Por conta das obras, a autora Suzanne Collins garantiu um lugar na lista das cem personalidades mais influentes do ano de 2010 pela revista Time. Com uma narrativa ousada e envolvente, os livros da trilogia foram traduzidos para cerca de quarenta e quatro países e continuam conquistando milhares de fãs de diversas faixas etárias.
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