Resenha: Inesquecível

“A água é fria e impiedosa, batendo no meu rosto. Desperta-me ao bater. Enche minha boca com o gosto da solidão salgada. Tusso violentamente e abro os olhos, apreendendo o mundo ao meu redor. Vendo-o pela primeira vez. Não é um mundo que eu reconheça. Corro os olhos por quilômetros e quilômetros de mar azul-escuro. Pontilhado de objetos grandes e flutuantes. Metal. Como este em que estou deitada. E então aparecem os corpos”.

Sinopse: “Quando o avião da Freedom Airlines caiu sobre o Oceano Pacífico, ninguém esperava encontrar sobreviventes. Por esse motivo, a descoberta de uma menina de dezesseis anos flutuando junto aos destroços do acidente acaba virando manchete no mundo. Curiosamente, ela é encontrada ilesa e sem memória.... Ninguém sabe como ela sobreviveu. Ninguém sabe por que ela não estava na lista de passageiros. Ninguém consegue explicar por que seu DNA e impressões digitais não foram encontrados em nenhum registro. Perdida em um mundo que não conhece, atormentada por habilidades que não compreende, assombrada por uma ameaça iminente, Seraphina luta para recuperar o seu passado esquecido e descobrir quem ela realmente é. O problema é que a cada pista novas perguntas surgem e ela precisa correr contra o tempo para responde-las. Sua única esperança é um garoto estranho e sedutor que afirma conhece-la antes do acidente. Que afirma serem apaixonados um pelo outro. Seraphina pode realmente confiar nele? Ele vai ser capaz de protege-la das pessoas que estão surgindo e fazendo-a esquecer do seu passado? Jessica Brody cria um universo de suspense nessa nova série sci-fi, ambientada em um mundo onde a ciência não conhece fronteiras, as memórias são manipuladas e o verdadeiro amor nunca pode ser esquecido”. 

Título: Inesquecível. 

Autora: Jessica Brody. 

Páginas: 335 páginas.

Editora: Rocco Jovens Leitores. 

ISBN: 978-85-7980-300-0.

“O dia de hoje é o único do qual me lembro. Só o que tenho é o despertar naquele mar. O resto é um espaço vazio. Mas não sei até que ponto do passado vai esse espaço – por quantos anos se estende. É isto que caracteriza os vazios: podem ser curtos como um piscar de olhos, ou infinitos. Consumindo toda a sua existência em um clarão branco sem sentido. Deixando-o sem nada”.

Algumas Impressões 

    Gosto muito de tramas de ficção e fantasia, mas quando “Inesquecível”, da autora Jessica Brody, chegou aqui através da parceria com a Editora Rocco, eu não tinha muitas expectativas quanto a narrativa, e a trama acabou me surpreendendo e conquistando ainda nas primeiras páginas (inclusive, na próxima quarta vai ao ar no canal do Fleur um vídeo sobre livros que eu não dava muita coisa, mas que acabaram me surpreendendo). Além de uma sinopse intrigante e uma edição muito bonita (a capa tem vínculo com dois elementos importantes da história), o enredo criado pela autora explorou temas que me chamam muito a atenção, além de trazer um romance bem desenvolvido, profundo, mas sem tanto ar de clichê. Tudo isso, somado a sequências de ação, aventura e suspense, principalmente por conta da inserção de elementos da ficção científica (que eu AMO). A premissa apresenta um bom resumo dos acontecimentos, pelo menos iniciais, uma vez que nos apresenta a uma garota encontrada com vida e sem memórias em meio aos destroços de um terrível acidente aéreo. Todos querem saber quem é a desconhecida sobrevivente do acidente envolvendo o voo 121, que, segundo informações da companhia, não estava sequer nos registros de embarque do avião. Quando fica claro que ninguém está procurando por Violet, nome provisório que recebe no hospital, a garota é confiada a uma família adotiva até que as autoridades encontrem seus parentes ou que ela recupere a memória. Mas afinal, quais mistérios permeiam esta história? E, só para começar, o que ela estava fazendo no mar, em meio aos destroços de um acidente aéreo? E, se estava no avião, como sobreviveu?

“É muito mais complicado esquecer-se de quem você é do que simplesmente esquecer seu nome. É também se esquecer dos seus sonhos. Das suas aspirações. Do que faz você feliz. Do que você reza para que jamais lhe falte na vida. É ver a si mesmo pela primeira vez e não ter certeza de sua primeira impressão”.

   
      O começo da narrativa tende a ser mais lento e um pouco confuso, com o leitor sentindo os reflexos da confusão decorrente da perda de memória da personagem principal, mas confie em mim quando digo que vale a pena levar esta leitura à diante. Ao longo das páginas, alguns detalhes começam a dar pistas sobre a origem da garota, seja uma “tatuagem” que possui, as roupas que usava quando foi encontrada ou mesmo um medalhão encontrado com ela, estampado com um antigo símbolo sânscrito – que representa a eternidade, com a gravação de uma equação (S + Z = 1609). Em meio a todos os questionamentos, Violet segue vivendo com Heather e Scott, seus “pais” adotivos, e Cody, o filho de treze anos do casal, que oferecem todo o suporte e a auxiliam bastante na tentativa de se recordam quem é e o que aconteceu. Até que um misterioso garoto aparece dizendo conhecê-la, e o pior, alegando que a garota corre perigo. Aos poucos, ela percebe que há muito mais por trás de sua história do que este garoto lhe contou, e que algo realmente perigoso está a rondando. Extremamente bonita, inteligente (ela fala diversas línguas e nem sabe como), familiarizada com questões matemáticas complexas e forte, a garota passa boa parte da narrativa se perguntando se este conjunto de características pode revelar algo sobre sua origem – e destino. O leitor passa a maior parte da trama se questionando quem – ou o que – é a jovem, a veracidade das informações que ela recebe e o significados das expressões e momentos, e, tal como a protagonista, desconfia de tudo e de todos. É uma narrativa imersiva, onde é possível enxergar através dos olhos dos personagens, algo que gosto muito. Cheio de particularidades que podem entregar a trama ao leitor mais atento, é um daqueles livros sobre o qual não se pode falar muito, e que, mesmo que se queira, é complicado de explicar. Bem ao estilo “leia e veja por si mesmo”, sabe? Para um enredo sobre o qual eu não tinha muitas expectativas, “Inesquecível” me envolveu, fazendo com que eu concluísse suas pouco mais de trezentas páginas em pouco tempo. É uma leitura rápida e envolvente, e quando você perceber, já estará no desfecho e saberá o que de fato aconteceu. Uma leitura muito recomendada, pois, a exemplo do título, o livro possui a capacidade de tornar-se inesquecível na experiência do leitor.

Sobre a Editora Rocco
Há mais de três décadas demonstrando sensibilidade para detectar as tendências do mercado, ousadia na difusão de novas ideias e agilidade de produção, a Rocco se orgulha por ser uma editora sólida e independente, capaz de se reinventar a cada dia para atender aos anseios do público brasileiro. Seus selos são: Rocco, Rocco Jovens Leitores, Rocco Digital, Bicicleta Amarela, Fábrica 231, Fantástica Rocco, Anfiteatro e Rocco Pequenos Leitores.